Após uma tempestade atingir São Paulo na última sexta-feira (3), mais de 185 mil endereços na região metropolitana da cidade ainda permanecem sem energia elétrica, entrando no quinto dia sem luz depois do evento climático. Segundo informações da concessionária Enel, essa falta de energia afeta 24 municípios da região metropolitana da capital paulista. Moradores, especialmente na zona sul da cidade, em bairros como Capão Redondo e Campo Limpo, estão enfrentando mais de 70 horas sem eletricidade.
O temporal, que ocorreu na sexta-feira à tarde, causou ao menos oito mortes devido a quedas de árvores, muros e paredes, além de enchentes e desmoronamentos. A cidade de São Paulo chegou a entrar em estado de atenção devido aos ventos com rajadas de até 104 km/h, os mais intensos já registrados na capital, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo.
- Incêndio destrói fábrica da Cacau Show no Espírito Santo; vídeo
- Ressaca marítima no litoral: entenda a causa do fenômeno
- Vacina da UFMG contra vício em crack avança em testes
Elisabete Garcia, de 29 anos e residente na zona Leste, é uma das moradoras que está enfrentando mais de 70 horas sem eletricidade. Ela se viu obrigada a deslocar-se para a casa dos sogros para poder trabalhar e atender às suas necessidades higiênicas, já que a falta de energia dificulta sua rotina.
Elisabete expressou sua frustração. "Desde sexta-feira, estamos registrando chamados pelo aplicativo da Enel, ligando, e ainda assim, ninguém apareceu para resolver o problema", contou. Ela também relatou ter tido sorte em conseguir levar a maioria dos produtos da sua geladeira para a casa dos sogros, mas lamentavelmente alguns alimentos ainda se perderam.
As chuvas também provocaram apagões em vários bairros da capital paulista e da região metropolitana. A Enel mobilizou quase 3 mil profissionais para solucionar os problemas e informou que está trabalhando 24 horas por dia para normalizar o fornecimento de energia para a maioria dos clientes até a noite de terça-feira, como discutido em reunião com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). A previsão é de que o serviço seja totalmente restabelecido até a noite de terça-feira.
A empresa afirmou que vai normalizar o fornecimento "para quase a totalidade dos clientes até esta terça". Segundo a Enel, profissionais da empresa estão trabalhando 24 horas nas ruas. "Devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual", informou a empresa.
Em todo o estado, o número de domicílios afetados em algum momento após a chuva chegou a 4,2 milhões. Do total, cerca de 500 mil ainda continuavam sem energia no fim da tarde desta segunda-feira. Para 3,7 milhões de endereços (88%), a luz já havia voltado.
Críticas generalizadas
O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que os consumidores serão ressarcidos pelo período em que houve indisponibilidade dos serviços, mas pediu um "tratamento especial" ao tema, dada a extensão dos prejuízos à população.
Já o prefeito Ricardo Nunes foi alvo de críticas não apenas dos cidadãos indignados com a falta de energia, mas também de seus adversários pré-candidatos à prefeitura de São Paulo na eleição do próximo ano. Guilherme Boulos (PSOL) criticou o prefeito e a empresa concessionária responsável pelo fornecimento de energia, alegando falta de ação diante da situação.
"São Paulo entra no quarto dia sem luz devido à incompetência da Enel. Ao invés de tomar providências, o prefeito Ricardo Nunes posou de Rei do Camarote e passou o fim de semana assistindo UFC e Fórmula 1. Enquanto isso, a comida dos paulistanos estraga na geladeira…", afirmou.
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), partido que apoia a administração de Nunes, também criticou a suposta ausência do prefeito. Por causa do apagão, reuniram-se o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, representantes das distribuidoras de energia e do Executivo paulistano, com o objetivo de discutir ações futuras e medidas preventivas para tornar a rede de distribuição menos vulnerável a eventos climáticos.
Plano de contingência
O governo federal também vai atuar em relação à situação da Enel. O secretário nacional do consumidor, Wadih Damous, anunciou nas redes sociais que notificará a Enel para fornecer informações, dentro de um prazo de 24 horas, sobre a regularização do serviço, os canais de atendimento aos consumidores, bem como o plano de expansão desses canais durante os períodos de alta demanda.
Além disso, a empresa deverá apresentar um plano de contingência para lidar com eventos climáticos extremos. Esse plano deve incluir detalhes claros sobre as ameaças, resposta imediata aos problemas, prazos de conclusão, recursos humanos e materiais envolvidos, bem como um cronograma de atendimento a curto e médio prazo.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br