Violência

Rio: Operação Maré mira centro de treinamento do tráfico

No segundo dia de incursões em grandes complexos de favelas no Rio de Janeiro, a polícia apreendeu um adolescente suspeito de jogar bomba em ônibus

A megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro em comunidades cariocas dominadas por facções do tráfico de drogas entrou no segundo dia, com a mobilização de mais de mil agentes das polícias Civil e Militar do estado. Um dos alvos desta terça-feira (10/10) é um clube que servia de centro de treinamento do tráfico de drogas, no Complexo da Maré (Zona Norte da cidade).

A polícia também apreendeu, em uma favela do Complexo da Pedreira, também na Zona Norte, um adolescente de 15 anos, suspeito de jogar uma bomba no interior de um ônibus, em 27 de setembro, que deixou três pessoas feridas. Outros cinco suspeitos de participar do ataque estão sendo procurados.

Na Maré, os agentes tentam cumprir mais de 50 mandados de prisão e ocupam pelo menos 10 pontos do complexo. Duas escolas estaduais e 41 municipais permanecem fechadas desde segunda-feira (9), quando a operação foi deflagrada, deixando sem aulas cerca de 14 mil estudantes.

Os policiais ocuparam um clube que servia de centro de treinamento de faccionados armados com fuzis. As imagens do treinamento foram feitas com drones e exibidas pelo programa Fantástico, da TV Globo. Também há movimentação das forças de segurança na Cidade de Deus, uma das maiores comunidades da Zona Oeste da cidade.

Segundo informou a Secretaria de Segurança Pública do estado, toda a ação está sendo acompanhada em tempo real pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), para onde são enviadas as imagens captadas dos drones e das câmeras operacionais portáteis usadas pelos policiais.

O secretário de Polícia Civil, José Renato Torres, destacou que o "espaço de lazer não pertence aos criminosos".

Uso de tecnologia

No fim da tarde de segunda-feira, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), reuniu o comando das polícias e parte do secretariado para fazer um balanço do primeiro dia de operações, que terminou com nove pessoas presas.

“Trata-se da maior ação de combate às máfias com uso de tecnologia aliada à inteligência e à investigação. Só neste primeiro dia, já causamos um prejuízo de pelo menos R$ 12 milhões às facções criminosas. Estamos libertando os moradores das amarras do tráfico e da milícia, demolindo barricadas das vias públicas e devolvendo a eles o sagrado direito de ir e vir, em paz. Isso é só o começo, e não recuaremos um milímetro sequer”, declarou o governador. 

Rogério Santana / Divulgação Governo do Estado RJ -
Rogério Santana / Divulgação Governo do Estado RJ -
Rogério Santana / Divulgação Governo do Estado RJ -
Rogério Santana / Divulgação Governo do Estado RJ -

Na Maré, uma das missões das forças de segurança é desobstruir as vielas da comunidade, com a retirada dos bloqueios montados pelas quadrilhas. Foram removidas, apenas no primeiro dia das ações, mais de 29 toneladas de entulho, barras de ferro e blocos de concreto.

Os agentes desobstruíram 14 ruas no Parque União e em Nova Holanda, apreenderam 33 veículos (entre motos e carros), e descobriram um laboratório clandestino para refino de drogas e fabricação de explosivos, que também servia de depósito de medicamentos e produtos para refino de entorpecentes. Meia tonelada de maconha também foi apreendida no local.

A poucos quilômetros da Maré, em um galpão na Vila Cruzeiro (que integra o Complexo do Alemão, na Zona Norte), os agentes encontram 100 quilos de pasta base de cocaína. Foram apreendidos, ainda, um fuzil, carregadores, artefatos explosivos e radiocomunicadores. Dois helicópteros blindados foram atingidos por tiros, mas conseguiram aterrissar.

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