O Ministério das Mulheres lançou nesta quarta-feira (25/10) a campanha "Brasil sem Misoginia", com a presença da primeira-dama, Janja da Silva. A ação firmou o compromisso do governo no combate à violência contra a mulher, presente em peso em diversas áreas sociais país adentro. Líder da iniciativa, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou, na ocasião, que os pontos principais de atuação são na prevenção de feminicídio, violência doméstica e sexual, apoiar as mulheres nos espaços de poder, combater a violência on-line, combater a desigualdade social e econômica entre homens e mulheres.
“Não podemos mais aceitar que as mulheres continuem sendo mortas, discriminadas e silenciadas. ‘Brasil sem Misoginia’ é um chamado para a construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas negras, indígenas, jovens, idosas, lgbts ou com deficiência”, disse a ministra.
Janja, por sua vez, disse que, em pleno século 21, é incabível que a mulher ainda tenha que lidar com situações misóginas. “As mulheres, hoje, estão em lugares importantes e, por isso, elas são atacadas, porque elas têm voz”.
Sobre o machismo dentro do espaço político, ela destacou que a missão de lutar contra esse comportamento não é apenas das mulheres, e que os homens devem ser parceiros na marcha. A primeira-dama completou estar com Cida nessa luta e que “a gente precisa falar muito sobre isso, em todos os espaços em que nós estivermos, falar para os homens também. Nós não podemos e nem vamos nos calar”.
- Projeto de lei pretende tornar misoginia um crime; entenda
- Governo reforça campanha de combate à misoginia; veja o motivo
- Ministra das Mulheres anuncia marcha contra a misoginia
Fazem parte das ações da pasta sobre o tema, ainda, realizar audiências públicas em assembleias legislativas e Câmaras Municipais, formações com agentes públicos e instituições, além de campanhas de comunicação e estimular o debate acerca do tema no país e a execução de medidas diversas de enfrentamento à misoginia.
A frente mobilizou diversas instâncias e culminou na adesão de mais de 100 empresas privadas, entidades e movimentos sociais ao movimento Brasil sem Misoginia. Acordos com os ministérios da Cultura, dos Transportes e dos Esportes também foram firmados.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, também presente no evento, reiterou a importância de lutar contra as formas de desigualdade de gênero, contra a violência direcionada às mulheres nos espaços de poder e sobre a forma como as leis são construídas. “A forma de acelerar o progresso da mulher é reforçar as normas sociais e como essas normas definem como as mulheres estão nos espaços de trabalho, buscando a diversidade nos espaços, com acolhimento e compromisso com o processo de inclusão.”
E completou: “Não podemos deixar as mulheres morrerem pelo simples fato de nascerem mulheres”.
Já a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, marcou presença discursando a favor da bancada feminina na Câmara Legislativa e da adoção de ações para frear o avanço da misoginia.
Desafio da mulher negra
Na opinião da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), “estamos diante de um desafio, pois a violência contra mulheres é constante e afeta diretamente as mulheres negras”. Ela ressaltou que as mulheres negras ainda não alcançaram espaços de poder suficientes para mudar o rumo da história e que é hora de dar um ‘basta’ na misoginia. “Estar aqui, na jornada do Ministério da Mulher, não é uma tarefa fácil, mas estamos juntas, para que os Poderes possam, com harmonia, buscar o melhor para a proteção das mulheres, que elas possam estar seguras e estar onde elas quiserem”, acrescentou.
A ministra Margareth Menezes afirmou que o “Ministério da Cultura está aliado ao Ministério das Mulheres na criação de espaços democráticos para combater a misoginia”. E salientou que as mulheres têm direito ao respeito, criticando os altos índices de feminicídio: “Não existe democracia quando há armas de fogo”.
Mercado de trabalho
Renan Filho, ministro dos Transportes, estabeleceu uma cooperação com a ministra Cida, na qual as duas pastas caminharão juntos na inserção de mais mulheres no mercado de trabalho. “Precisamos levar essa cultura de combate para todas as partes. Também apoiamos direitos iguais às mulheres e dizemos não à misoginia”, defendeu.
Também compareceram os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Anielle Franco (Igualdade Racial), Nísia Trindade (Saúde), Jader Filho (Cidades), Celso Sabino (Turismo), bem como diversos líderes de movimentos sociais, representantes de embaixadas e outras autoridades.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br