A tarde de ontem foi de pânico para moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em reação a uma operação policial realizada pelo governo estadual, milicianos que atuam na região atearam fogo em 35 ônibus e um trem. Outros veículos também foram incendiados na região, com o fechamento de diversas vias da cidade. Segundo informações do Centro de Operações Rio (COR-Rio), a morte de um chefe da milícia provocou a onda de violência na cidade.
- “Planejamento no Rio não muda”, diz secretário do Ministério da Justiça
- Dezenas de ônibus são incendiados no RJ após polícia matar miliciano
Pouco mais de duas semanas do assassinato de três médicos em um quiosque à beira-mar na mesma Zona Oeste, cidadãos inocentes foram vítimas da violência imposta por grupos milicianos. Milhares de pessoas foram impedidas de voltar para casa. Hoje, as aulas estão suspensas na região de conflito.
A destruição no sistema de transporte carioca ocorreu após a morte do miliciano Matheus da Silva Rezende. Conhecido pelos apelidos "Teteu" e "Faustão", ela é sobrinho do chefe da milícia da região. Rezende foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil do estado que estava em uma operação contra o crime organizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O homem era apontado como o número dois na hierarquia da milícia comandada pelo tio.
Entre os ônibus queimados, 20 são da operação municipal, 5 do BRT e outros de turismo ou fretamento. Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias em bairros como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho.
Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram levados para a 35ª DP (Campo Grande). Passageiros tiveram que deixar alguns dos coletivos às pressas momentos antes de os criminosos atearem fogo aos ônibus. Além disso, o site G1 informou que um menino de 10 anos foi atingido de raspão durante a ação. Os familiares informaram que ele foi levado para a UPA de Paciência, e liberado após atendimento.
Mobilidade
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que o município entrou em estágio de atenção às 18h40 de ontem, em razão dos ataques na Zona Oeste da cidade. "A mobilidade está comprometida em corredores como a Avenida Santa Cruz, Avenida Cesário de Melo e a Avenida das Américas. Veículos incendiados em diversas vias da Zona Oeste do Rio. Além disso, a oferta de transporte público para os cidadãos também está impactada", afirmou em nota.
O Estágio de Atenção é o terceiro nível em uma escala de um a cinco e significa que uma ou mais ocorrências já impactam o município, afetando a rotina de parte da população. A prefeitura recomenda ainda que a população tome as seguintes ações preventivas: não se desloque pelas regiões mais afetadas; fique atento às informações divulgadas pelos veículos de comunicação e nas redes sociais do Centro de Operações Rio (COR); se necessário, use os telefones de emergência 193 (Corpo de Bombeiros) e 199 (Defesa Civil).
Histórico
Os conflitos na Zona Oeste intensificaram-se desde 2021, com a morte de Ecko (Wellington da Silva Braga). O grupo, chamado de "Bonde do Ecko", dominava boa parte da região. Após a morte do miliciano, o irmão, conhecido pelo apelido de Zinho (Luis Antônio da Silva Braga) e o ex-parceiro Tandera (Danilo Dias Lima) passaram a disputar os bairros.
A disputa entre as milícias causa uma onda de violência para moradores da zona oeste do estado. Além disso, o Comando Vermelho, antes focado em tráfico de drogas, começa a aliar-se com milicianos pelo controle das comunidades.
No início de outubro, na mesma região da cidade, os conflitos resultaram no triplo assassinato de médicos na orla da Barra da Tijuca. Segundo as investigações policiais, os ortopedistas Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida foram assassinados por engano depois que um informante avisou a traficantes ter visto um miliciano jurado de morte.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br