O Rio Grande do Sul enfrenta, desde o início de setembro, uma forte temporada de chuvas. Os temporais que atingiram todo o estado resultaram em 51 mortos. Os moradores das áreas afetadas tentam reconstruir o que perderam nas últimas semanas. Mas a chuva voltou a assustar desde segunda-feira (16/10).
De acordo com a Defesa Civil do RS, o estado contabiliza 60 áreas de risco alto e muito alto de inundações e de deslizamento de terra. Além disso, diversos municípios já ultrapassaram a previsão de chuvas para o mês inteiro. Um dos casos é Frederico Westphalen, no noroeste gaúcho, que registrou acumulado de 463 milímetros (mm). A média para outubro é de 224 mm.
As chuvas perderam intensidade este mês. Ainda assim, nesta quarta-feira (18/10), 11 trechos de sete rodovias estavam com bloqueios totais ou parciais, segundo boletim divulgado diariamente pelo site do governo do estado gaúcho. Até o momento, 11 municípios decretaram situação de emergência, por causa da ocorrência de granizo e de inundações.
A Defesa Civil, por meio da assessoria, não disponibilizou o número de pessoas desabrigadas e desalojadas no estado. As atualizações com os municípios ainda serão concluídas até o final desta semana.
Reconstrução
O município de Estrela, no Vale do Taquari, a aproximadamente 100 km de Porto Alegre, foi duramente afetado pelas chuvas em setembro. Equipes da Defesa Civil monitoram o nível do rio Taquari, que aumentou 29,92 metros, quase 11 metros acima da cota de inundação, no momento mais crítico dos temporais.
Moradora do Bairro Oriental, a técnica de enfermagem Graziele Bonini Schmidt, 41 anos, conta que, depois de setembro, o clima é de reconstrução na cidade. Mas, com os alertas para novas inundações, tudo começa a ficar incerto. "Aos poucos estamos nos organizando. Só que estamos receosos, porque continua chovendo muito, tem previsão para novos alagamentos, em menor número e em menor altura. O problema é que são poucos dias de diferença entre um e outro [evento]. Vamos ficar com medo até o final do ano, porque pode ter mais chuvas", afirma a técnica de enfermagem.
Graziele mora em Estrela há 15 anos e nunca presenciou uma situação intensa como no mês passado. Em 4 de setembro, a casa dela foi inundada pelas águas do Rio Taquari, que chegaram a passar de quase 1 metro de altura dentro da residência.
“A água estava no pátio e, uma hora depois, já tinha entrado na minha casa. Nunca pensei que fosse acontecer isso. Ficamos quatro dias nos vizinhos, sem poder voltar para casa. Perdemos o roupeiro, eletrodomésticos, outros móveis, os portões”, comenta a técnica de enfermagem.
Nas chuvas deste mês, por enquanto, ela e a família não tiveram problemas, mas monitoram os alertas do município e da Defesa Civil para inundações no Rio Taquari. A reconstrução do que foi perdido com a chuva também virá de uma ajuda do governo federal.
Graziele, assim como outros moradores do RS, têm direito ao saque calamidade pública do FGTS, disponibilizado pela Caixa Econômica Federal. Mas a técnica relata que, até o momento, não conseguiu realizar o saque, porque encontrou dificuldades em submeter as documentações necessárias. “Realizei dois encaminhamentos e eles alegaram problemas nos documentos enviados. Agora fiz a terceira tentativa. Na primeira o retorno veio depois de sete dias e precisei ir em uma agência buscar orientações após várias tentativas de fazer o pedido.”
A reportagem entrou em contato com a Caixa para tratar da questão. O espaço está aberto para esclarecimentos.
Previsão de chuva
O boletim divulgado pela Defesa Civil do RS, nesta quarta-feira (18), aponta que o Rio Uruguai está em níveis elevados em São Borja e Uruguaiana, cidades na região da fronteira.
A previsão do tempo para quinta-feira (19), é de chuvas com grande volume e temporais isolados em parte do RS, conforme mostra a Sala de Situação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do governo gaúcho.
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