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Filósofo e ambientalista Ailton Krenak é o novo imortal

Ele é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL, na qual, antes, estiveram a romancista Raquel de Queiroz e o historiador José Murilo de Carvalho — que morreu em agosto. Escritor teve uma atuação marcante na Constituinte

Krenak é o primeiro indígena a entrar para a academia. Ocupará a cadeira que foi de José Murilo de Carvalho -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
Krenak é o primeiro indígena a entrar para a academia. Ocupará a cadeira que foi de José Murilo de Carvalho - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
postado em 06/10/2023 03:55

Ailton Krenak é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras — é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Autor dos livros Ideias Para Adiar o Fim do Mundo, A Vida Não é Útil e Futuro Ancestral, lançados pela Companhia das Letras, ele é filósofo, escritor e ambientalista engajado em mostrar novos jeitos de viver — que poderiam ajudar a garantir o futuro da humanidade.

Krenak era o favorito em uma eleição que contava com 11 candidatos e teve 23 votos. A historiadora Mary Del Priore, autora de uma significativa obra acessível ao grande público, foi a segunda mais votada, com 12 votos. Daniel Munduruku, pioneiro da literatura indígena escrita e o primeiro autor indígena a publicar um livro para crianças não indígenas (Histórias de Índio, Companhia das Letras, 1996), recebeu quatro votos na corrida para ocupar a cadeira 5, na qual estava o historiador José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto, e pela qual já passou a romancista Raquel de Queiroz.

Trajetória

Membro da Academia Mineira de Letras, ele é professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB), venceu o Prêmio Juca Pato, em 2020, como intelectual do ano e é presença frequente em debates e eventos literários. O escritor vive na Reserva Indígena Krenak, em Resplendor (MG).

Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu em 1953, em Itabirinha (MG), mas se mudou com a família para o Paraná, aos 17 anos. Lá, alfabetizou-se e iniciou a vida profissional como produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980, passou a se dedicar exclusivamente ao movimento indígena e fundou, em 1985, a ONG Núcleo de Cultura Indígena.

Em 1987, ele foi coordenador da campanha dos índios na Constituinte e defendeu a Emenda Popular 40, que versava sobre populações originárias, articulada pela União das Nações Indígenas (UNI). Em um discurso emocionante, no Plenário da Câmara, vestido de branco pintou o rosto de preto diante dos parlamentares em defesa da história, dos costumes e das tradições dos povos nativos.

Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas e, em 1989, da Aliança dos Povos da Floresta. Uma década depois, em 1999, sua obra O Eterno Retorno do Encontro foi publicado no volume A Outra Margem do Ocidente, organizado por Adauto Novaes.

Entre 2003 e 2010, foi assessor especial do governo de Minas para assuntos indígenas. Em 2018, foi um dos protagonistas da série Guerras do Brasil.

Além dos livros publicados recentemente pela Companhia das Letras, a Azougue dedicou um volume da série Encontros a Krenak. Com organização de Sérgio Cohn, o livro reúne entrevistas concedidas por ele entre 1984 e 2013. Os livros de Ailton estão publicados em cerca de 13 países.

 

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