A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que Geraldo Medeiros e Tarcísio Viana, piloto e copiloto do avião que transportava a cantora Marília Mendonça, foram os responsáveis pela tragédia na qual morreram os três — mais o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho. O acidente aconteceu em 5 de novembro de 2021.
Segundo os delegados de polícia Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, e do inspetor Whesley Adriano Lopes, o piloto errou por não checar a presença de torres de transmissão de energia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) no local. E não cumpriu o procedimento padrão, pois alongaram a "perna do vento".
"O manual estipula em que velocidade a aeronave deve fazer a 'perna do vento'. O que ficou evidenciado é que os pilotos ultrapassaram, não respeitando o que o manual da aeronave diz. Saíram da zona de proteção e qualquer responsabilidade pelos obstáculos cabia aos pilotos observar", salientou Gilmaro, em coletiva concedida em Ipatinga.
O delegado acrescentou que "na medida que as provas foram sendo produzidas, a gente caminhou para uma imprudência dos pilotos que gerou a queda. É fato que a aeronave se chocou com a torre, que não era sinalizada. Mas era obrigatório que fosse? Não, não era, por conta da altura da torre".
Arquivamento
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi arquivado porque o piloto e o copiloto, que seriam indiciados por homicídio culposo, também não sobreviveram à queda. Embora essa tenha sido a conclusão das investigações, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) havia concluído, em maio, um relatório descartando falha humana.
A investigação, que durou quase dois anos, foi minuciosa, segundo o delegado Ivan, do Departamento de Polícia Civil de Ipatinga. "Primeiro, descartamos possíveis causas para chegar na causa fundamental, o que chamaria de 'por que caiu'", salientou. Segundo ele, foi descartado ter havido problema técnico na aeronave. Em seguida, também não se constatou algum mal súbito do piloto — comprovado pelo exame de corpo de delito. Até mesmo a possibilidade de um atentado foi investigado, mas tal hipótese foi logo descartada.
O advogado Sergio Alonso, que representa as famílias do piloto e copiloto, considerou "um verdadeiro nonsense" a conclusão do inquérito. Por conta disso, ele adiantou que não vai dar sequência a um possível processo judicial. "Não interessa para a gente. A conclusão é absurda, mas não vou perder tempo com essas conclusões. É um verdadeiro nonsense", lamentou.
Para Sérgio, a empresa de energia do estado tem parcela de culpa no acidente, pois instalou uma rede de energia próxima ao aeroporto de Caratinga. "Esse acidente ocorreu porque a Cemig instalou a rede de alta tensão na reta final do aeródromo, na altitude do tráfego padrão, que é de mil pés", explicou. (Com Mariana Valbão)
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br