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Morte de Marília Mendonça: tripulação leva a culpa, diz polícia

Inquérito conclui que piloto e copiloto do avião que transportava a cantora foram os responsáveis pelo desastre — que aconteceu em 5 de novembro de 2021. Defesa da família dos tripulantes considera decisão "absurda"

Murilo Huff segurando Leo no colo e Marília Mendonça (foto: Reprodução/Instagram)
 -  (crédito: Reprodução/Instagram)
Murilo Huff segurando Leo no colo e Marília Mendonça (foto: Reprodução/Instagram) - (crédito: Reprodução/Instagram)
Pedro Faria - Estado de Minas
postado em 05/10/2023 03:55

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que Geraldo Medeiros e Tarcísio Viana, piloto e copiloto do avião que transportava a cantora Marília Mendonça, foram os responsáveis pela tragédia na qual morreram os três — mais o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho. O acidente aconteceu em 5 de novembro de 2021.

Segundo os delegados de polícia Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, e do inspetor Whesley Adriano Lopes, o piloto errou por não checar a presença de torres de transmissão de energia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) no local. E não cumpriu o procedimento padrão, pois alongaram a "perna do vento".

"O manual estipula em que velocidade a aeronave deve fazer a 'perna do vento'. O que ficou evidenciado é que os pilotos ultrapassaram, não respeitando o que o manual da aeronave diz. Saíram da zona de proteção e qualquer responsabilidade pelos obstáculos cabia aos pilotos observar", salientou Gilmaro, em coletiva concedida em Ipatinga.

O delegado acrescentou que "na medida que as provas foram sendo produzidas, a gente caminhou para uma imprudência dos pilotos que gerou a queda. É fato que a aeronave se chocou com a torre, que não era sinalizada. Mas era obrigatório que fosse? Não, não era, por conta da altura da torre".

Arquivamento

De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi arquivado porque o piloto e o copiloto, que seriam indiciados por homicídio culposo, também não sobreviveram à queda. Embora essa tenha sido a conclusão das investigações, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) havia concluído, em maio, um relatório descartando falha humana.

A investigação, que durou quase dois anos, foi minuciosa, segundo o delegado Ivan, do Departamento de Polícia Civil de Ipatinga. "Primeiro, descartamos possíveis causas para chegar na causa fundamental, o que chamaria de 'por que caiu'", salientou. Segundo ele, foi descartado ter havido problema técnico na aeronave. Em seguida, também não se constatou algum mal súbito do piloto — comprovado pelo exame de corpo de delito. Até mesmo a possibilidade de um atentado foi investigado, mas tal hipótese foi logo descartada.

O advogado Sergio Alonso, que representa as famílias do piloto e copiloto, considerou "um verdadeiro nonsense" a conclusão do inquérito. Por conta disso, ele adiantou que não vai dar sequência a um possível processo judicial. "Não interessa para a gente. A conclusão é absurda, mas não vou perder tempo com essas conclusões. É um verdadeiro nonsense", lamentou.

Para Sérgio, a empresa de energia do estado tem parcela de culpa no acidente, pois instalou uma rede de energia próxima ao aeroporto de Caratinga. "Esse acidente ocorreu porque a Cemig instalou a rede de alta tensão na reta final do aeródromo, na altitude do tráfego padrão, que é de mil pés", explicou. (Com Mariana Valbão)

 

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