memória

Livro reconta a trajetória e os sonhos de Marielle

Escrito pela jornalista Fernanda Chaves, que estava no carro com a vereadora e o motorista — fuzilados, em 2018, no bairro carioca do Estácio —, e pela socióloga Priscilla Brito, obra também exorciza as dores de um crime bárbaro

O livro Marielle Franco — Nesse lugar da política: um mandato interrompido é, como as próprias autoras definiram, "um álbum de memórias", colorido como as roupas que a vereadora, assassinada a tiros em uma rua do bairro carioca do Estácio, gostava de usar. Escrito pela jornalista Fernanda Chaves — que estava no carro em que Marielle e o motorista Anderson Gomes foram fuzilados, na noite de 14 de março de 2018 — e pela socióloga Priscilla Brito, que também trabalhou na equipe da vereadora, o livro teve seu pré-lançamento, ontem, na abertura do Congresso do PSol (partido de Marielle), em Brasília.

A ideia das autoras era resgatar o período entre a campanha eleitoral de 2016 e o dia do crime. Mas, neste ano, com a delação de uma testemunha-chave que pode ajudar a polícia a descobrir quem mandou matar a vereadora carioca e os motivos da execução, adiaram o lançamento para que essas informações pudessem ser incluídas. "Para nós, foi muito emocionante lidar com isso, ao mesmo tempo em que finalizávamos o livro. Ficamos muito felizes em mostrar para as pessoas essa faceta da Marielle, o que ela efetivamente fez como vereadora. A gente teve o cuidado de fazer um livro que tivesse a cara dela, do mandato dela: colorido, alegre, que falasse dos momentos de descontração dela com a equipe, das festas", disse Priscilla ao Correio. Criada na Favela da Maré — uma das maiores do Rio de Janeiro —, Marielle era uma ativista negra, periférica, feminista e defensora dos direitos LGBTQIA .

Reflexão

Para Fernanda, escrever o livro foi, também, uma forma de refletir sobre a própria vida. Ela sobreviveu ao atentado, deixou o país por medo e, agora, com a publicação, celebra a possibilidade de "estar aqui, viva, para falar do que é bom, contar essa história, que é uma história muito triste, aterrorizante até".

"A feitura desse livro foi doída, mas muito alegre também. A gente se pegou rindo em muitos momentos diante de fotos e histórias da equipe (que trabalhou com Marielle)", revelou.

Sobre a possibilidade de o crime ser totalmente esclarecido, as duas autoras estão convictas de que os mandantes serão identificados, fechando o capítulo da história de Marielle que ainda não foi escrito. "Estamos com muita expectativa em relação às novas informações. Agora, há consistência no trabalho de juntar as peças desse quebra-cabeça e tentar encontrar as respostas", explicou Priscilla.

 

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