A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem o medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento contra a diabetes tipo 2. Com o princípio ativo tirzepatida, o remédio tem atuação semelhante à do Ozempic — que se popularizou como ferramenta para perda de peso.
Vale lembrar que o uso contra a obesidade não foi liberado pela agência reguladora. “É contraindicado a pacientes que estão com o peso certo, mas querem perder uns quilos sem motivo ou comorbidades, como diabetes ou pré-diabetes”, afirma Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Assim como o Ozempic, a aplicação do Mounjaro será por meio de injeções semanais. Antes de chegar ao Brasil, o medicamento já tinha sido liberado nos Estados Unidos e na Europa. Segundo a bula, o Mounjaro atua no controle da glicemia.
O remédio não é indicado a pessoas que tenham histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide, que é um tipo raro de tumor maligno na tireoide, ou em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2, uma síndrome genética caracterizada pela presença de tumores envolvendo algumas glândulas endócrinas.
A aprovação foi comemorada por especialistas da área. Segundo a médica endocrinologista Michele Delarmelina Reis Borba e o médico pós-graduado em endocrinologia e metabologia Bruno Babetto, a medicação tem grande eficácia no controle do índice glicêmico e no combate à diabetes, representando um avanço em termos de medicação e resposta.
Babetto explicou que as semelhanças entre o Mounjaro e o Ozempic não se limitam ao método de aplicação e utilização — injeções subcutâneas administradas semanalmente. “As duas medicações são da mesma classe, são agonistas do GLP-1, que é um hormônio produzido no intestino. A diferença é que o Mounjaro, a tirzepatida, é um agonista duplo, tanto do GLP-1 quanto do GIP. São dois hormônios que controlam a questão do diabetes”, explicou o médico.
Da mesma forma que o Ozempic, o Mounjaro não tem aval da Anvisa para emagrecimento — apesar de consumidores utilizarem o remédio sem acompanhamento médico. “A gente tem que ser contra a prescrição indiscriminada”, critica Michele Borba.
A especialista considera necessário haver mais estudos que comprovem a segurança de medicamentos dessa classe para perda de peso. “Acredito que a aprovação para emagrecimento aconteça um dia, mas cabem trabalhos científicos de ambos os laboratórios trazerem essas documentações e a comprovação de que seja seguro”, pondera.
Para o fabricante, o Mounjaro significa um marco no tratamento de diabetes tipo 2. “A Lilly revolucionou o tratamento do diabetes em vários momentos da história, como quando disponibilizou a primeira insulina em larga escala no mundo em 1923 e na introdução da insulina humana em 1982, que foi o primeiro medicamento biológico feito a partir de DNA recombinante”, lembrou Luiz Magno, diretor sênior da Lilly Brasil, em comunicado à imprensa.
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