O governo federal prepara um programa para mapear os recursos marinhos do país. Batizado de Planejamento Espacial Marinho (PEM), o projeto está em discussão nesta segunda-feira (25/9) em seminário com a presença de autoridades da Marinha e dos ministérios do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, da Pesca e Aquicultura, e do Turismo.
O levantamento deve ser finalizado até 2030, e terá início pela região marinha do Sul, que abarca as costas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A primeira fase contará com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que realiza seleção pública até 10 de março de 2024 para apoiar estudo técnico utilizado no mapeamento.
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"Não estamos falando de uma área que seja, em momento algum, desprezível. É realmente uma Amazônia Azul. Com todo esse esforço, vamos estar não só preservando, mas dando uso correto para essas imensas riquezas naturais", declarou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na abertura do seminário. O termo Amazônia Azul abarca a área da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil e a extensão da plataforma continental, até cerca de 650 quilômetros do litoral.
O projeto é realizado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CRIM), formada por 26 membros de ministérios, agências e outros órgãos do governo brasileiro.
Atividades econômicas
"Nós dependemos do mar. Essa é a inexorável razão pela qual nós aqui estamos. Se estamos aqui sentados, trajando nossas roupas, tudo, ou 98% disso, passou pelo porão de um navio. Do mar, nós não escapamos", disse o sub-chefe de Assuntos Marítimos do Estado Maior da Armada, contra-almirante Carlos Henrique de Lima Zampieri.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o projeto visa identificar e mapear os diferentes usos do oceano, como a pesca, transporte marítimo, turismo, produção de energia, pesquisa e conservação da biodiversidade. A ideia é destinar áreas adequadas para cada atividade, evitando a exploração em áreas de risco para as espécies marinhas, mas também conferindo segurança jurídica às atividades econômicas.
A região Sul será a primeira mapeada. Ela foi escolhida por ter fronteira com o Uruguai, corresponder a 13% da Amazônia Azul, por possuir cinco dos dez portos mais relevantes do país e pela disponibilidade dos dados necessários ao planejamento. Essa primeira etapa deve durar três anos, segundo estimativa da Marinha.
Também participaram do seminário o secretário-executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura, Carlos Mello, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Rodrigo Agostinho, entre outras autoridades.