tragédia

Governador decreta estado de calamidade no RS

Saldo parcial da devastação causada pelos efeitos de ciclone extratropical é de 37 mortos. São mais de 1,6 mil desabrigados. Governo federal promete que não faltarão recursos para a recuperação

Por Leticia Vitória* e Marina Dantas*

Pelo menos 37 pessoas morreram em função das enchentes provocadas pelo ciclone extratropical que varreu parte do Rio Grande do Sul, desde segunda-feira. O governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública devido ao rastro de destruição deixado pelo efeito climático. As localidades que fazem parte do vale do Rio Taquari são as principais afetadas, uma vez que o curso d'água aumentou mais de 10m em poucas horas — e inundou várias regiões.

Segundo a Defesa Civil do estado, no município de Muçum — um dos mais atingidos —, está sendo feito o trabalho de remoção e rescaldo, que não tinha sido possível fazer antes diante da inundação e da quantidade de pessoas desabrigadas e desalojadas. Até agora, são pelo menos 15 as mortes confirmadas na cidade e nos distritos que compõem o município — onde a energia e internet foram cortadas por questões de segurança. Outros municípios onde a devastação é grande são Lajeado, Estrela e Roca Sales — que não resistiram às enchentes provocadas pelas fortes chuvas, que aumentaram vertiginosamente o nível do Rio Taquari.

De acordo com o último balanço divulgado pela defesa Civil gaúcha, 52.157 pessoas foram afetadas, sendo que nove permanecem desaparecidas. Outras 1.650 estão desabrigadas, 3.064 foram desalojadas e 1.777 conseguiram ser resgatadas. O total da população dos municípios atingidos é de 2.758.307 cidadãos. Estão em operação sete helicópteros para a remoção de pessoas.

Em entrevista, o governador fez um balanço do desastre e afirmou que em torno de 70 municípios reportaram problemas causados pelo ciclone. Leite salientou que as autoridades envolvidas com o resgate estão empenhadas em diminuir o sofrimento e os prejuízos daquela que, segundo ele, é a tragédia que mais causou vítimas na história do Rio Grande do Sul.

"A maior tragédia natural que se tem registro no Rio Grande do Sul em perda de vidas", reforçou.

Verba federal

O governo federal anunciou que não faltarão recursos para a reconstrução e para diminuir os efeitos da destruição. Os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, foram verificar, ao lado de Eduardo Leite, a extensão da devastação causada pelos efeitos do ciclone extratropical.

"Já tem uma medida adotada pelo presidente Lula anteriormente. Temos recursos ainda desta medida provisória e, se for necessário ser emitida uma nova medida, assim o fará. O que ele [Lula] autorizou, tanto eu quanto o Pimenta, foi nos reportarmos ao governo do estado, à população, às prefeituras, que não faltarão recursos", disse Waldez.

O presidente afirmou que está em contato com Eduardo Leite e reafirmou as garantias dadas pelos ministros. "Conversei com o governador e reforcei que o governo federal está à disposição dos gaúchos para enfrentar essa crise. Além do chefe da Defesa Civil, Wolnei Barreiros, os ministros Paulo Pimenta e Waldez Goes, também estarão de prontidão o ministro da Defesa, José Múcio, e o vice-presidente Geraldo Alckmin", assegurou.

A destruição, porém, tem potencial para aumentar. Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a situação nas áreas com instabilidade climática podem piorar, pois a previsão é de mais chuvas nos próximos dias. A população do estado vem sendo alertada a acompanhar as atualizações da previsão do tempo e seguir as recomendações da Defesa Civil. (Com Agência Brasil)

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi