Um ciclone extratropical deixou pelo menos 22 mortos no Rio Grande do Sul, nas últimas 48 horas. O fenômeno aumentou vertiginosamente o nível do Rio Taquari, que inundou várias cidades que estão ao longo do seu curso — veja a lista das mais atingidas no quadro ao lado. Fortes rajadas de vento também puderam ser verificadas nesses municípios, deixando um rastro de destruição.
Segundo a Defesa Civil do estado, o número de desabrigados no Rio Grande do Sul chegou a aproximadamente 1.650 pessoas e são pouco mais de 4,5 mil os desalojados. Muitas casas sofreram danos por conta da ventania, da chuva forte e da queda de granizo. Houve falta de energia em dezenas de cidades e ainda há muitos pontos de alagamento.
O ciclone desencadeou uma série de fortes chuvas, que fez com que os níveis do Rio Taquari e de afluentes subissem muito e rapidamente. Somente no município de Roca Sales, um dos mais atingidos, a cheia foi de mais de 13m em menos de 12 horas. A prefeitura alertou à população, pelas redes sociais, que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros não conseguiam auxiliar todos os que precisavam. Por isso, recomendou que os moradores que tivessem condições se refugiassem nos telhados das casas à espera de resgate.
80% alagado
Somente no município de Muçum, na região do Vale do Taquari, foram localizados 15 corpos. Mais de 80% da cidade ficou alagada. "É o maior volume de mortes em um evento climático no estado do Rio Grande do Sul. Centenas de pessoas se mobilizaram em uma rede proteção e salvamos milhares de vidas. Mas, infelizmente, 21 vidas não puderam ser salvas", lamentou o governador Eduardo Leite (PSDB), depois de visitar Lajeado, outro município muito afetado.
As equipes de resgate estão concentradas na região do Vale do Taquari, onde os impactos do ciclone foram grandes. Os piores saldos são de Muçum e Roca Sales, cujas comunidades estão mais de 80% submersas. Nos dois municípios, todo o comércio do centro, a prefeitura e as escolas estão debaixo d'água — além disso, há regiões rurais que estão completamente isoladas, uma vez que não têm energia elétrica e serviço de telefonia.
"Em algumas comunidades, onde a água chegou a um volume que nunca tivemos um precedente como este, muitas pessoas não entenderam que os alertas eram para valer e a água subiu rapidamente", explicou o governador.
De acordo com o coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, da Defesa Civil do estado, ao menos 18,5 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo ciclone e seus efeitos. Ele destacou que solicitou apoio do Ministério da Defesa. Afirmou, ainda, que o Rio Guaíba, que corta Porto Alegre, também está sendo monitorado, em razão da possibilidade de um pico de elevação no nível nas próximas horas — recebe as águas de vários afluentes que, hoje, estão vertendo a subida expressiva de volume.
Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a situação e disse que todo o aparato federal está à disposição do governo gaúcho. (Com Agência Estado)
*Colaboraram Marina Dantas e Leticia Torres, estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi