As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul (RS), causadas pela formação de um ciclone extratropical sobre o Atlântico, causaram 21 mortes desde segunda-feira no estado. Há também registro de uma morte em Jupiá, Santa Catarina, em razão da queda de uma árvore sobre um carro.
A informação do número de vítimas foi confirmada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nesta terça-feira (05). Segundo o governador, é o maior número de mortes em evento climático já registrado no estado.
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Apenas na cidade de Muçum, na região central do estado, o Corpo de Bombeiros encontrou 15 corpos ao vistoriar uma casa nesta terça. Mais de 85% da cidade de Muçum foi atingida pelas águas. Em razão do nível do rio que abrange a região, moradores precisaram ser resgatados em cima de telhados das casas. As circunstâncias das mortes em Muçum, município de 4.961 habitantes, ainda não foram divulgadas pela Defesa Civil.
Segundo informações da Defesa Civil estadual, cinco aeronaves realizavam resgates. Nos municípios de Muçum, Roca Sales, Lajeado, e Cruzeiro do Sul ainda tem pessoas em situação de risco.
No sistema da Defesa Civil, ainda estavam cadastradas 16 pessoas que não foram encontradas pelos parentes. Ao todo, foram registradas 21 mortes; 2.984 desalojados; 1.650 desabrigados; 67 cidades afetadas.
Áreas de risco monitoradas
Em coletiva de imprensa na noite desta terça-feira (5/9), sub-chefe da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, explicou que há monitoramento nas áreas de risco. O Corpo de Bombeiros do estado está dando o apoio necessário ao resgate. Cinco aeronaves atuam nas buscas pelas vítimas.
O coronel salientou também que ocorrem reuniões com a Secretária Civil e o Ministério de Defesa para articular auxílio aos municípios atingidos. Há também a preocupação com o acúmulo de água e solo mais úmido, que abrem margem para deslizamentos de terra.
Sobre os casos do município de Muçum, o coronel afirmou que as equipes do Corpo de Bombeiros fazem o resgate e que ainda há desaparecidos, mas o número não foi divulgado.
O coronel completa dizendo que o ocorrido “não foi surpresa, porque foi alertado”. Ele alega que, em 1º de setembro, o estado foi alertado sobre as fortes chuvas previstas para o mês, e que deveria ter sido feito um monitoramento de todas as cidades.
Ele conclui pedindo que haja conscientização por parte da população para saírem de suas casas quando receberem aviso da Defesa Civil.
Vítimas reconhecidas
Até a manhã desta terça-feira (5/9), seis vítimas haviam sido reconhecidas no Rio Grande do Sul. A primeira morte ocorreu no município de Mato Castelhano. O Corpo de Bombeiros informou que, com o transbordamento do Rio Piraçuce, um veículo foi arrastado na área rural, por volta das 5h de hoje. Uma pessoa conseguiu se salvar, já Cristiano Schusler, de 41 anos, não resistiu.
A segunda morte ocorreu no município de Passo Fundo, no bairro Entre Rios, a 228km de Porto Alegre. Uma descarga elétrica atingiu Neri Roberto Gonçalves da Silva, 67, que chegou a ser levado para o pronto-socorro e hospitalizado, mas não sobreviveu.
As outras duas mortes ocorreram no município de Ibiraiaras, onde um casal tentou atravessar uma ponte de carro mas acabou sendo arrastado pela correnteza. Delve Francescatto e Fátima Godoi Francescatto ficaram presos às ferragens e não resistiram.
Já no município de Estrela, Moacir Engster, 58, morreu após ser atingido por uma descarga elétrica. Ele ajudava um vizinho a retirar móveis de casa por conta da enchente quando a tragédia aconteceu.
Em Lajeado, um cabo no qual um policial militar realizava resgate aéreo de uma idosa se rompeu e ambos caíram sobre o Rio Taquari. A idosa, ainda não identificada, não resistiu e o PM está em estado grave e foi levado para um hospital da região.
Já em Santa Catarina, segundo a Defesa Civil do estado, uma pessoa de 62 anos morreu em decorrência da queda de uma árvore durante uma tempestade com ventos de até 110 km/h. No litoral norte catarinense, três pessoas ficaram feridas em Balneário Camboriú e Itajaí, devido aos fortes ventos. A Defesa Civil também afirmou que, até o momento, não há desabrigados nem desalojados no estado.
Cheia dos rios
Com o fenômeno meteorológico no estado ocasionando fortes chuvas, o nível dos rios locais também subiu. No município de Roca Sales, o rio Taquari subiu mais de 13 metros em menos de 12 horas, na segunda-feira (4/9).
A prefeitura da cidade, em comunicado nas redes sociais, alertou a população que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul não estavam dando conta de auxiliar a todos que necessitavam. Também foi pedido para que a população se protegesse nos telhados, e quem tivesse barcos, ajudasse.
Estradas e tráfego
Em nota ao Correio, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) do Rio Grande do Sul informou que o grande volume de chuvas no estado provocou alterações no tráfego da região e o levantamento dos principais danos provocados pelas chuvas nas rodovias ainda está sendo feito. Devido ao alagamento das pistas, algumas estradas estaduais da região norte do Rio Grande do Sul continuam parcialmente ou totalmente fechadas.
Previsão para os próximos dias
O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Olívio Bahia ressalta que o tempo no Sul do país deve continuar com chuvas e ventos fortes. “O que ocorreu foi a presença de uma massa quente e úmida bastante instável, que provocou chuvas severas no sábado e no domingo, o que provocou alagamentos”, explica.
A previsão para os próximos dias, segundo Bahia, é de instabilidade. “Durante quarta, quinta e sexta-feira podemos ter novamente temporais em estados sulistas. Os volumes podem subir principalmente no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, pode ter volumes que ultrapassem os 100", acrescenta.
Já no Sudeste do país, o meteorologista afirma que o tempo ficará quente e abafado, o que deve desencadear pancadas de chuva, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Há uma frente fria na altura do estado paulista que organiza a umidade de uma forma que, combinada ao calor, gera instabilidade nessas áreas do Sudeste”, complementa.
O Inmet emitiu, nesta terça-feira (5/9), alerta de "perigo potencial" para queda de temperatura e chance de ventos fortes nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo. A Defesa Civil de São Paulo alerta a população sobre a mudança de tempo no estado, e desaconselha a prática de esportes aquáticos nas áreas litorâneas. No site, há recomendações sobre cuidados em caso de tempestades, raios e granizos.
Já no estado do Rio de Janeiro, a Defesa Civil alerta que as chuvas vindas pela frente-fria podem perdurar pelos próximos dias, de forma moderada a forte. Para a população, é necessário que se mantenha atenção sobre as possíveis rachaduras em casas para evitar o deslizamento dentro das comunidades. De acordo com o Sistema Alerta Rio, núcleos de chuva podem atuar na zona norte da cidade.
*Marina Dantas e Leticia Vitória Torres, estagiárias sob a supervisão de Mariana Niederauer
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