O Ministério do Meio Ambiente (MMA) realiza nesta segunda-feira (4/9) uma oficina sobre 'Justiça Climática' na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília. Na oportunidade, autoridades e especialistas explicam como as mudanças climáticas atingirão primeiro as pessoas mais vulneráveis.
"A emergência climática já é realidade. Ela afeta pessoas, que tem rosto, sexo e raça. A gente sabe o nível de desigualdade do país e as pessoas mais vulneráveis serão as primeiras a ser afetadas. Podemos condenar algumas comunidades a pobreza eterna" afirmou a secretária da Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni. De acordo com ela, o Brasil é muito vulnerável a adaptações climáticas e os desastres ambientais só crescem nos últimos anos. Inclusive em questões financeiras o clima provoca muitos danos. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reiterou o alerta da secretária. "Não são mais sinais que nós temos, já é a materialização em três dimensões dos efeitos das mudanças climáticas, dos eventos extremos e as suas consequências com inundações, ondas de calor".
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D acordo com Toni, por ano, estima-se que R$ 4,2 bilhões são gastos por danos materiais e prejuízos de desastres ambientais. A seca e estiagem é a categoria que mais provoca prejuízos materiais e financeiros, com gasto de R$ 310 bilhões, seguido de enxurradas, com R$ 81,42 bilhões. Em um relatório apresentado por Toni, um gráfico mostra que todos desastres ambientais estão crescendo nos últimos anos. Santa Catarina é o estado que lidera o número de desastres hidrológicos e meteorológicos, com 4,9 mil ocorrências e 15 milhões de afetados. Na sequência está Minas Gerais, com 3,9 mil ocorrências e 11 milhões de afetados, e Rio Grande do Sul, com 3,9 mil ocorrências e 9 milhões de afetados).
"A crise climática é profundamente injusta, entre países e dentro do próprio país. Quem despenca dos morros em uma chuva torrencial vai ser a população mais carente Os efeitos climáticos também são sentidos sobre a insegurança alimentar e doenças com relação ao desequilíbrio ambiental que estão aumentando" explica Suely Araújo, do Observatório de Clima.
Para tentar controlar a situação ambiental em que o país está, uma revisão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima está sendo debatida. Ela será discutida nessas oficinas e seminários promovidos pelo MMA. Segundo a secretária da Mudança do Clima, o Plano Clima de Adaptação deverá ter 14 planos setoriais de adaptação para incluir diversas áreas. Entre os grupos estão de biodiversidade, transportes, saúde, povos indígenas, recurso hídrico, e cada um terá um plano de ação com metas.
A abertura do evento também contou com a presença das ministras Anielle Franco, de Igualdade Racial, Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, Luciana Santos, de Ciência, Tecnologia e Inovação.