O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, ontem, em Teresina, o decreto que lança o Plano Brasil Sem Fome. A iniciativa será dividida em três eixos, que reunirão um conjunto de 80 ações e políticas públicas com o objetivo de retirar o país do Mapa da Fome das Nações Unidas, ao qual retornou em 2022. O flagelo atinge de forma severa um em cada 10 brasileiros, segundo dados do relatório global Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, da ONU.
"A fome mexe muito comigo porque não é vista pelos outros. Ela não dói para fora, dói para dentro. E todo mundo sabe o que é o sofrimento de uma mãe colocar uma criança para dormir com fome e essa criança acorda e não tem um pão e um copo de café com leite para tomar. Isso não deveria acontecer no Brasil. O Brasil é um país rico, tem muita terra", apontou em Teresina, na noite de ontem.
Os três eixos do novo programa são: 1) acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania; 2) alimentação adequada e saudável, da produção ao consumo e; 3) mobilização para o combate à fome. O governo estabeleceu a meta de até 2030 tirar o Brasil do Mapa da Fome. Os últimos indicadores mostram que, em 2022, haviam 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no país.
Segundo Lula, por ser o Brasil o terceiro produtor de grãos e primeiro produtor de proteína animal do mundo, não pode haver famintos no país. "Qual é a explicação que um país que produz tudo tem 33 milhões de pessoas passando fome? Não é falta de comida, falta de plantar. O problema é que o povo não tem dinheiro para ter acesso à comida. É por isso que só vai acabar com a fome de verdade quando tivermos garantindo que todo trabalhador tenha emprego, tenha salário para criar sua família", afirmou.
Recado ao Centrão
Ele aproveitou o evento para mandar um recado ao Centrão: não haverá troca no comando do Ministério do Desenvolvimento Social — que é cobiçado pelo PP por ser o responsável pela gestão do programa Bolsa Família. Segundo Lula, o ministro da pasta, Wellington Dias, é o "índio mais esperto do Brasil" e será o coordenador do novo programa contra a fome.
Wellington agradeceu a confiança. "O senhor tem uma história parecida com a história de muitas pessoas do Brasil. Experimentou a fome e venceu. Quis Deus que eu também pudesse experimentar e vencer a fome. É por isso que estou aqui hoje. Pode acreditar: juntos, vamos de novo tirar o Brasil do mapa da fome", garantiu Wellington.