violência

Bahia registra 51 mortos em um mês de conflitos

As mais recentes vítimas são de confrontos com supostos integrantes de facções criminosas, em bairros da periferia de Salvador. Na segunda-feira, governo federal anuncia ação contra as quadrilhas organizadas

Governador Cláudio Castro e Ricardo Cappelli (à esquerda). Força Nacional e PRF ajudarão no policiamento ostensivo na região da Maré -  (crédito: Rafael Campos/Governo do RJ)
Governador Cláudio Castro e Ricardo Cappelli (à esquerda). Força Nacional e PRF ajudarão no policiamento ostensivo na região da Maré - (crédito: Rafael Campos/Governo do RJ)
postado em 30/09/2023 03:55

A onda de violência que assusta a Bahia fecha o mês de setembro com 51 mortes registradas oficialmente, resultado dos confrontos entre as forças de segurança e supostos integrantes de facções criminosas. Nas últimas horas, três pessoas morreram em trocas de tiros nos bairros de Valéria — onde, no dia 15, o agente federal Lucas Caribé, de 42 anos, foi vítima de um conflito armado — e Nova Brasília, ambos na periferia de Salvador.

Segundo Marcelo Werner, secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a explosão de violência é resultado da guerra entre duas grandes facções criminosas de âmbito nacional, que se associaram a grupos locais pelo controle das rotas para a distribuição de droga e pelo varejo tráfico de crack, maconha e cocaína. Mas a quantidade de vítimas fatais do confrontos vem chamando a atenção, o que levou a secretaria a remeter uma nota ao Correio assegurando que "as ações policiais são pautadas na legalidade e buscando sempre a preservação da vida".

As mortes, segundo a SSP-BA, aconteceram quando os agentes de segurança tentavam cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça. Pela redes sociais, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), assegurou que as forças policiais não vão recuar nem deixar de cumprir o papel que lhes cabe.

"A segurança pública é um assunto que deve ser debatido por toda a sociedade. Temos que ser firmes no combate às facções e ao tráfico de drogas", anunciou.

Nesta semana, o governador se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que prometeu intensificar as ações conjuntas e aumentar a destinação de equipamentos e tecnologias para as operações de combate à criminalidade.

Plano de segurança

Porém, a questão da Bahia — estado administrado pelo PT há 16 anos — começa a trazer desgaste político para o governo federal. À crise na segurança pública no estado, se soma a violência crônica no Rio de Janeiro, cujo governo local pediu ajuda ao Ministério da Justiça para tentar contar a escalada de brutalidade registrada nos últimos dias.

Um dos episódios mais recentes do descontrole da criminalidade no Rio foi a detonação, por assaltantes, de uma granada dentro de um ônibus, na Avenida Brasil, na altura de Barros Filho, na Zona Norte da cidade, por volta das 21h30 de quarta-feira. A explosão feriu gravemente um homem e duas pessoas foram atingidas por estilhaços.

A articulação entre os governos federal e fluminense deu mais um passo ontem, no encontro entre o governador Cláudio Castro (PL) e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli. No encontro, ficou acertado, nesse primeiro momento, que a Força Nacional atuará em conjunto com a Polícia Militar nas ações ostensivas e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ajudará na vigilância da Avenida Brasil — que faz parte das BRs 040, 116 e 456 e corta o Complexo da Maré, região na qual houve o ataque com granada, na quarta-feira.

A ideia é incluir o estado como uma das prioridades do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas, que será anunciado, na segunda-feira, pelo ministro Flávio Dino.

Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas vem sendo estudada a possibilidade de convocar integrantes das Forças Armadas para o plano de intensificação de vigilância das fronteiras, sobretudo nos portos e aeroportos. A ideia é realizar operações permanentes e abafar o tráfico de armas e de drogas que entram no Brasil por esses dois canais.

Os militares, porém, resistem em participar ativamente em operações de ação ostensivas contra grupos criminosos, mas não se furtariam a contribuir com inteligência e informações. A Polícia Federal (PF) também não pretende fazer parte da linha de frente — participaria, ao lado das forças de segurança estaduais, na parte investigativa.

Para Ricardo Cappelli, a espinha dorsal do programa é colocar de pé o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). "Se o crime está cada vez mais organizado e estruturado no país, o poder público precisa estar, também, cada vez mais integrado para combatê-lo", alertou.

 

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