meio ambiente

Garimpo ilegal avança 35 mil/ha só em 2022; saiba a razão

Alerta é do MapBiomas e Amazônia concentra quase a totalidade do aumento das terras tomadas pelos exploradores irregulares. Quase metade da devastação provocada pelas lavras clandestinas foi nos últimos cinco anos

OPERAÇÃO YANOMAMI
Operação conjunta destrói aeronave em garimpo ilegal -  (crédito: Fab/Divulgação)
OPERAÇÃO YANOMAMI Operação conjunta destrói aeronave em garimpo ilegal - (crédito: Fab/Divulgação)
postado em 23/09/2023 03:55

A área ocupada pelo garimpo ilegal no Brasil cresceu 35 mil hectares (ha) em 2022 na comparação com o ano anterior, área equivalente a de uma cidade como Curitiba. O alerta é do MapBiomas e, segundo o levantamento, a Amazônia concentra quase a totalidade do avanço (92%) da mineração irregular no ano passado. Quase metade (40,7%) da devastação provocada pelo garimpo no bioma foi realizada nos últimos cinco anos.

O levantamento do MapBiomas também mostra a concentração do garimpo ilegal em áreas de proteção e restritas à atividade — caso dos parques nacionais do Jamanxin e do Rio Novo, ambos no Pará; na Estação Ecológica Juami Japurá, no Amazonas; e na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As três primeiras áreas são garimpadas há mais de 20 anos, mas imagens de satélite mostraram um acelerado crescimento nos últimos 10 anos. Já a mineração irregular na Terra Yanomami se expandiu em uma última década.

Força política

César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas, afirmou que a existência e o avanço do garimpo ilegal evidencia que a atividade conta com apoio financeiro e político. "O tamanho desses garimpos sobressai nos mapas, sendo facilmente identificável até por leigos. Surpreende que, ano após ano, ainda permaneçam. A existência e o crescimento são a evidência do apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido", salientou.

Os dados apontam que a expansão da atividade ilegal em áreas protegidas, em 2022, foi 190% maior do que há cinco anos — aumento de 50 mil/ha. No ano passado, mais de 25 mil/ha em terras indígenas e 78 mil/ha em unidades de conservação estavam ocupados pela atividade ilegal — em 2018, eram 9,5 mil/ha e 44,7 mil/ha, respectivamente.

Nas terras indígenas, 15,7 mil/ha foram ocupados pelos garimpeiros no ano passado — número que representa um crescimento de 265%, sendo que 62,3% da área explorada nessas regiões foi aberta nos últimos cinco anos. As comunidades de povos nativos mais atingidas são a kayapó (13,7 mil/ha), munduruku (5,5 mil/ha), ianomâmi (3,3 mil/ha), tenharim do igarapé preto (1 mil/ha) e sai-cinza (377ha).

Nas unidades de conservação, 43% da área explorada foi aberta nos últimos cinco anos. O MapBiomas aponta que as mais atingidas são a APA do Tapajós (51,6 mil/ha), a Flona do Amaná (7,9 mil/ha), Esec Juami Japurá (2,6 mil/ha), Flona do Crepori (2,3 mil/ha) e Parna do Rio Novo (2,3 mil/ha).

O MapBiomas observa, porém, que enquanto o garimpo ilegal avança descontroladamente, o mesmo não acontece com a mineração industrial. O levantamento apontou que não houve crescimento na área ocupada pelas lavras regularizadas, que ocupava, no ano passado, aproximadamente os mesmos 180 mil/ha registrados em 2021.

Pará, Mato Grosso e Minas Gerais respondem, juntos, por 339 mil/ha da área minerada no Brasil — ou seja, 76% do total.

Por Isabel Dourado - Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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