A visita do potiguar Ivan Baron, 24 anos, a Brasília nessa última quinta-feira (21/9) foi por uma razão especial. O ativista pelos direitos das pessoas com deficiência e influencer social — título que ostenta com orgulho — foi o mestre de cerimônia do ato em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, evento promovido pelo Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, para celebrar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (na própria quinta), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
Após o evento oficial, Baron aceitou o convite para participar do Podcast do Correio e falar sobre a importância da data para os cerca de 18,6 milhões de brasileiros com mais de 2 anos que têm alguma deficiência — segundo estimativa da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2022. “É (uma data) para conscientizar a população nos aspectos políticos e sociais (da pessoa com deficiência), além de tentar naturalizar o assunto no dia a dia”, explica o influencer.
Sem ter medo ou vergonha da paralisia cerebral causada por uma meningite, Baron representa um cidadão politizado e completamente inserido na discussão social — por muito tempo vetada à população deficiente. Em 1º de janeiro, ele subiu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. “Pessoas com deficiência devem se politizar. Não é só se filiar a um partido, é ir atrás dos seus direitos, é ter noções básicas do que podemos, ou não, alcançar. Eu falo isso porque hoje eu sou um jovem empoderado, mas há pessoas que não têm acesso à informação e é exatamente isso que eu tento passar”, diz.
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Sendo um “influencer da inclusão” — como se autodenomina —, Baron usa as redes sociais como importante ferramenta de comunicação (ele fala a quase meio milhão de seguidores, somente no Instagram). “Comecei tudo isso ainda no ano de 2018, quando ainda estudava pedagocia”, relembra.
“No começo foi bem difícil, meus conteúdos não atingiam quem precisava atingir, mas aos poucos fui conquistando, conseguindo novas didáticas e assim meio que furar minha bolha, falando principalmente sobre capacitismo”, aponta.
A discriminação da pessoa com deficiência, inclusive, é algo que Baron enfrenta até hoje. O influencer conta que ser alvo de piadas ou ofensas já era algo esperado quando entrou nas redes sociais, mas que a realidade é muito mais dura do que poderia imaginar. “Eu já tinha consciência do que eu iria passar, mas não sabia que ia ser tão pesado ao ponto de eu abrir meu celular é só ler comentário negativo, para qualquer pessoas, especialmente, os jovens isso é muito complicado. A galera não se contenta só em ignorar (os conteúdos de Baron), mas tem de destilar seu veneno”.
Mesmo com os haters (pessoas que se dedicam a “odiar” as outras nas redes sociais), Baron se emociona ao falar sobre como o contato com outras pessoas com deficiência, e especialmente as famílias deles, pode gerar uma sensação de pertencimento. “Eu recebo muito contato de mães que falam ‘eu acabei de receber o diagnóstico de paralisia cerebral do meu filho e vendo sua história eu começo a acreditar nele’ e isso é uma coisa que minha mãe e meu pai não tiveram quando eu fui diagnosticado, e isso é muito recompensador, porque eu ajudei a mudar uma narrativa”, completa.
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