Mais suspeitos de participar, na Bahia, da operação Fauda — que resultou na morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro de Almeida, 42 anos, e de outros quatro homens — morreram após trocas de tiros com agentes na noite deste domingo (17/9), em dois bairros de Salvador. Nesta segunda-feira (18), o bairro de Valéria, onde ocorreu o confronto, amanheceu sem ônibus e aulas suspensas para mais de dois mil alunos.
A operação teve início na sexta (15) para cumprir mandados de prisão contra um grupo criminoso. Policiais federais, civis e militares foram surpreendidos no local por integrantes de uma facção prestes a entrar em confronto com um grupo criminoso da região. Além da morte de Almeida, outros dois agentes ficaram feridos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), até a noite de domingo outros cinco suspeitos foram mortos em confronto com os oficiais — totalizando nove mortes —, enquanto um outro traficante foi preso. A polícia apreendeu, até esta segunda-feira (18), três fuzis, uma carabina, uma submetralhadora, três pistolas, um revólver, carregadores, munições, rádios comunicadores e peças de um veículo roubado.
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Após os confrontos do fim de semana, a região de Valéria amanheceu sem transporte público. Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), os ônibus só estão indo até a rotatória, na rua da Matriz, próximo à prefeitura-bairro. Alguns moradores relataram que andaram cerca de 2 km para ter acesso ao serviço.
Além disso, mais de dois mil alunos da rede pública tiveram suas aulas suspensas.
Ainda na sexta-feira, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, admitiu que a região de Valéria é alvo de facções criminosas e que a atuação da polícia continuará até capturar todos os responsáveis.
“É uma região que sabidamente está em disputa. As forças policiais se prepararam para realizar as ações em ambas as áreas e em desfavor de ambas as facções (...) Nós não pararemos, não recuaremos enquanto não pegarmos todos os responsáveis”, pontuou durante coletiva de imprensa.
Operações sangrentas na Bahia
A operação Fadua reacende a preocupação com o problema da segurança pública na Bahia. No início de agosto, duas operações da Polícia Militar da Bahia — realizadas nas cidades de Itatim e Camaçari — resultaram na morte de 15 suspeitos. À época, a PMBA afirmou que os criminosos foram abatidos como consequência do revide dos policiais ao serem recebidos por ofensivas dos suspeitos.
As operações aconteceram no mesmo fim de semana em que foi realizada a operação Escudo, no Guarujá (SP), e uma outra na cidade do Rio de Janeiro. As ações militares em todo o país, no período, somaram ao menos 42 mortes.
De acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as polícias Civil e Militar da Bahia mataram 1.464 pessoas em operações policiais em 2022. O número é maior do que o contingente de mortos em operações policiais em todo o território dos Estados Unidos no mesmo período, que totalizou 1.201 pessoas, segundo o Mapping Police Violence.
À época da divulgação do Anuário, em julho último, Werner admitiu a existência do problema da violência policial na Bahia, mas afirmou que os dados poderiam ser resultados de “distorções” nos números entregues por outros estados. O secretário alegou que a transparência na divulgação dos dados pelas cidades baianas e uma possível subnotificação de outras unidades federativas poderiam ter causado o resultado discrepante.
“Lógico, a gente não esconde número, ao contrário. A Bahia é cada vez mais transparente em relação aos números que são divulgados. Tanto é que os números são divulgados a partir de informações nossas, a gente fornece os números, diferentemente, inclusive, de outros estados que não fornecem, não é divulgado, e nem são reprimidos por não divulgarem”, declarou o secretário à época.
O Correio tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, mas não obteve resposta até a publicação desta nota.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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