Apreciadores de uma boa cachaça terão mais um motivo para degustar a bebida nesta quarta-feira (13/9): é o Dia Nacional da bebida. Criada em 2009 pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), a data celebra a aguardente brasileira.
A bebida começou a ser produzida no século XVI no Brasil, por negros escravizados. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cachaça foi descoberta por meio da fermentação e destilação do melaço proveniente da cana-de-açúcar.
As primeiras cachaças teriam sido produzidas entre 1516 e 1532, com três hipóteses concretas sobre suas origens: Pernambuco, São Paulo e Porto Seguro, Bahia. Registros de 1585, segundo a Ibrac, apontavam 195 engenhos, e em 1629, já eram 349 em atividade.
À época, a economia era focada no cultivo de açúcar feito por mão de obra escravista. A realidade social também era representada nas bebidas. Enquanto as pessoas escravizadas produziam as próprias doses de cachaça, os ricos se serviam com vinhos portugueses.
Cachaça chegou a ser proibida, provocou revolta social e taxação
Com a popularização da bebida, um possível comércio começou a ser demandado pelos apreciadores da aguardente. Preocupada, a corte portuguesa proibiu a produção e a venda da cachaça, em 1659. Essa repressão provocou protestos, conhecido como a 'Revolta da Cachaça'.
Diante do cenário, no século XVII, a rainha Luísa de Gusmão — esposa do então rei de Portugal Dom João IV — derrubou o veto e liberou a produção e a venda da bebida no Brasil.
Ao longo da história do Brasil colônia, houve outras interrupções e afrouxamentos da venda de cachaça. No século XVIII, a Coroa portuguesa chegou até a taxar a venda da cachaça. No entanto, essa medida não teve sucesso porque, segundo informou a Embrapa, os consumidores da aguardente sonegavam.
Em 1922, durante a Semana de Arte Moderna, a cachaça foi interpretada como uma bebida genuinamente brasileira e, portanto, um símbolo da cultura nacional contra a cultura europeia.
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A cachaça nos dias de hoje
Com o passar do tempo, o consumo da cachaça continuou em ascensão e até hoje a aguardente é degustada por brasileiros de todas classes sociais. Entre os brasileiros, a cachaça é conhecida por diferentes nomes.
Ela pode ser chamada de "pinga", "caninha", "branquinha", "danada" e até "marvada". Em cada região do país, a bebida tem um nome especial.
Produção e exportação
De acordo com o Anuário de Cachaça de 2021, documento produzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a exportação da cachaça acumulou um montante de US$ 13.178.050. Embora referente a dois anos atrás, esse foi o último anuário publicado pela pasta.
O documento ainda constata que a aguardente brasileira foi exportada para 67 países, sendo o Paraguai e a Alemanha os principais destinos — em volume, que registrou um crescimento de 29,5% na exportação, o equivalente a 7.221.219 litros.
Quanto ao valor da mercadoria exportada, os Estados Unidos foram o maior mercado de exportação para a cachaça, avaliado em US$ 3.481.872. A Europa, com sete países entre os dez principais parceiros econômicos na compra de cachaça.
O continente foi responsável por um mercado de US$ 6.238.439.
Produção maior no Sudeste
A quantidade de municípios brasileiros com pelo menos uma cachaçaria registrada passou de 586, em 2020, para 611 em 2021.
A Região Sudeste domina a produção de cachaça, com 620 cachaçarias que representam 66,2% do total no país. O Sul, com 138 e o Nordeste, com 130 seguem a lista. Centro-Oeste com 39 e o Norte com nove estabelecimentos a completam.
Minas Gerais lidera em número de estabelecimentos registrados, com 353 cachaçarias, e com maior número de municípios, 207, com ao menos uma cachaçaria registrada. Além disso, é a unidade da Federação com a maior densidade, com a marca de um estabelecimento para cada 60.315 habitantes.
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