Lula chegou cansado da Índia e passou o dia de ontem na residência, o Palácio da Alvorada. Será que as viagens ao exterior dão um alívio a Lula? Ou ele fica remoendo como resolver problemas que cada vez ficam mais intrincados?
As dores no quadril não o deixam, nem no outro lado do mundo, e deve estar com poucas alegrias. No início do ano, havia a euforia de começar mais um governo. Agora tem problema até dentro do próprio Palácio do Planalto, com o ex-deputado Jean Willys trazido pela primeira-dama e lotado na Secom do ministro Paulo Pimenta. Previsível que não daria certo.
Agora ele chama seu chefe de mau caráter, critica o governador do Rio Grande do Sul, se refere a gado do PT e afirma que se não puder apontar os equívocos do próprio Lula, não quer ficar. Lula, ao tirar a petista Ana Moser, provocou queixa de Janja nas redes sociais. Vai ter que mexer com o ex-BBB ou desagrada Paulo Pimenta.
Na Esplanada, os problemas são semelhantes. Desagradou os socialistas ao tirar Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos — vale dizer que mexeu também com o vice Alckmin, do mesmo partido. Botou lá um deputado do Republicanos, Silvio Costa Filho. Só que o Republicanos não acompanhou. Emitiu nota afirmando que não faz parte do governo, que é independente e que Sílvio está lá por motivos pessoais.
O caso de Juscelino Filho é diferente: está nas Comunicações porque o ministério foi dado ao União Brasil e Lula, que na primeira reunião ministerial prometeu que "quem estiver errado só tem um jeito, ser convidado a sair", nada faz diante do bloqueio de bens em razão de emenda em favor da irmã prefeita, além dos casos conhecidos do asfalto, do leilão de cavalos e do uso de jatinho da FAB. Mas o Ministério é do União Brasil.
O Progressistas não se satisfez com o ministério que era de Ana Moser, e exige ampliação para apostas esportivas, também está de olho na Fundação da Saúde e na Caixa Econômica.
Putin e o TPI
Lula vai para o exterior para ficar longe desses problemas? Mas, distante, parece saudoso deles e cria mais alguns. Disse que vai convidar Putin e não vai prendê-lo, mas depois alguém avisou que a ordem é de um tribunal do qual o Brasil é estado-membro.
Aí, ele se justifica e piora: primeiro diz que nem sabia da existência do Tribunal Penal Internacional, mesmo tendo citado expressamente o tribunal em seu discurso de posse, em 2003, e mesmo tendo indicado uma juíza para aquele tribunal. E ainda piora: pergunta por que os Estados Unidos, China e Rússia não fazem parte do órgão internacional de justiça, e afirma que fazem parte do TPI "só bagrinhos". Que são 123 países, inclusive França, Itália, Alemanha e latino-americanos.
Que trabalhão vai ter o Itamaraty. O presidente, se tivesse lido a Constituição, encontraria o Tribunal citado no parágrafo 4º do artigo 5º.
Agora está de volta, mas já vai a Cuba, sexta-feira, por dois dias, e depois Nova York. Pouco tempo em Brasília para encontrar soluções para problemas que não precisariam existir, e que tomam espaço de questões mais concretas, como o excesso de gastos e a queda na arrecadação, num país em que a insegurança jurídica se avoluma tanto quanto as despesas do Estado.
E ainda há a gigantesca tragédia no vale gaúcho do rio Antas-Taquari, que lembra Brumadinho, no primeiro mês de mandato do presidente anterior.
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