O governo federal irá destinar R$ 741 milhões para as cidades do Sul do país afetadas pela passagem de um ciclone extratropical, no começo da semana passada. Ontem, um time de ministros liderado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, sobrevoou as áreas mais atingidas no Rio Grande do Sul. O anúncio do pacote de ajuda federal foi feito em Lajeado. "Temos três prioridades: salvar vidas, reconstruir as cidades e recuperar a economia", disse o vice-presidente.
Em Muçum, cidade mais afetada, Alckmin foi recepcionado pelo prefeito, Mateus Trojan, e recebeu dele um documento com as principais demandas da comunidade. Trojan afirmou que a primeira medida deve ser a desburocratização do processo de recuperação econômica e reconstrução da cidade. "Nós não podemos ficar entravados nas morosidades que, muitas vezes, o estado possui. Nós precisamos que as coisas sejam céleres, sejam ágeis. Então, essa é a primeira pauta que apresentamos ao (vice) presidente", declarou o prefeito.
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Ele também pediu recursos para infraestrutura rural e urbana, estímulo de permanência de indústrias em Muçum e reconstrução de duas escolas municipais e do único hospital da comunidade. O município, que fica no Vale do Rio Taquari, registrou 16 mortes até agora, e procura por mais 30 moradores que estão desaparecidos — os maiores números entre todas as 93 cidades gaúchas afetadas pelo ciclone.
A pasta de Cidades destinará R$ 195 milhões à construção de moradias, e a da Integração investirá R$ 185 milhões em ações de apoio humanitário e na reconstrução dos municípios atingidos.
O Ministério da Defesa vai liberar mais R$ 26 milhões para o uso de helicópteros e outros maquinários para o auxílio nas buscas e reconstrução das áreas destruídas. A Saúde destinou R$ 80 milhões para a montagem de um hospital de campanha em Roca Sales (RS) e para a reconstrução de unidades de saúde atingidas pelas enchentes. O valor também ajudará a bancar a atuação da Força Nacional de Saúde na Região Sul.
O Ministério dos Transportes, por sua vez, disponibilizou R$ 116 milhões para reconstruir um trecho da BR 116, no km 96, na região do Rio das Antas, que está obstruído. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social uniu forças à pasta do Desenvolvimento Agrário para alocar R$ 125 milhões no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Prevenção e assistência
Segundo o ministro Wellington Dias, mais R$ 239 milhões da pasta do Desenvolvimento Social serão usados em diversas frentes: R$ 56,6 milhões na rede do Sistema Único de Assistência Social (Suas), no Auxílio Abrigamento e no fornecimento de cestas de alimento. Além disso, R$ 57,4 milhões serão colocados à disposição para aqueles que quiserem antecipar o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O valor equivale ao repasse de um mês, para beneficiários dos 79 municípios que tiveram reconhecido por decreto o estado calamidade, e pode ser ampliado caso outras cidades venham a declarar a situação de excepcionalidade.
A comitiva anunciou, ainda, que R$ 14,9 bilhões serão inseridos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a prevenção de desastres naturais.
"O presidente Lula nos orientou para dar prioridade absoluta, prioridade máxima nesta parceria com a população e com a região", afirmou Alckmin, que estava acompanhado dos ministros Nísia Trindade (Saúde), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), José Múcio Monteiro (Defesa), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Waldez Góes (Integração Regional), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar); Jader Filho (Cidades). O governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), acompanhou a visita.
Segundo boletim da Defesa Civil do estado, o número de mortos por uma das maiores tragédias ambientais no Rio Grande do Sul subiu ontem para 46, com três mortes confirmadas nas cidades de Colinas, Bom Retiro do Sul e Roca Sales, que perdeu 11 moradores — o segundo município com mais óbitos, atrás de Muçum.
Embora a quantidade de desaparecidos permaneça em 46, a Defesa Civil gaúcha aponta que a quantidade de desabrigados e desalojados aumentou, contabilizando 4,7 mil e 20,4 mil, respectivamente.
O governador do estado anunciou que famílias desalojadas, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), poderão receber até R$ 2,5 mil cada uma. Quem sofreu prejuízos com o ciclone, mas não ficou desabrigado, terá acesso à ajuda de R$ 700. Eduardo Leite antecipou a criação do Programa Volta por Cima, para apoio a atingidos por desastres climáticos e que deverá ter o volume de recursos divulgado hoje.
"(Os recursos são) para ajudar a fazer compras daquilo que for mais urgente e necessário, que, ao lado das doações que são recebidas, vão ajudar essas famílias no momento de restabelecer suas condições mínimas de sobrevivência", declarou.
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