CRIANÇA BALEADA NO RIO

PRF afasta três agentes envolvidos em tiroteio

De acordo com o pai da criança baleada, um tiro atingiu a cabeça e, o outro, a coluna de Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos. Estado da vítima é grave, segundo o hospital

Família de menina baleada, ontem, no Rio, por agentes da PFF -  (crédito:  Reginaldo Pimenta)
Família de menina baleada, ontem, no Rio, por agentes da PFF - (crédito: Reginaldo Pimenta)
Correio Braziliense
postado em 09/09/2023 03:55 / atualizado em 09/09/2023 03:55

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afastou, ontem, três agentes após Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, ser atingida com um tiro na cabeça enquanto passava de carro com a família pelo Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense. A arma utilizada por um dos oficiais foi apreendida.

De acordo com o pai de Heloísa, William Silva, um tiro atingiu a cabeça e, o outro, a coluna da criança. A família tinha passado o feriado no Rio e retornava para Petrópolis, região Serrana, onde mora.

Os familiares relataram que os tiros partiram de agentes da PRF. Dentro do carro estavam a mãe de Heloísa, uma irmã de 8 anos e uma tia. A criança foi socorrida e levada ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde passou por uma cirurgia. A menina está internada no CTI em estado grave, informou o hospital. Heloísa foi baleada por volta das 21h de quinta-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ela deu entrada na unidade com baixo nível de consciência e um sangramento na cabeça. Ela foi sedada e entubada. "Não tem previsão de alta. Ela está desacordada e vai ficar pelas próximas 48 horas", afirmou o pai da criança.

A PRF informou, em nota, que a corregedoria da corporação vai apurar as circunstâncias da ocorrência. O órgão lamentou o ocorrido e contou que os policiais envolvidos foram afastados de forma preventiva. Além de solidarizar-se com os familiares da vítima, afirmou que está em contato para prestar "apoio institucional". "As circunstâncias estão em apuração pela Corregedoria da PRF. A instituição colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos", disse a nota da instituição.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou em rede social que pediu à PRF rapidez na apuração do caso. "Sobre a tragédia com uma criança de 3 anos no Rio de Janeiro, já solicitei esclarecimentos e providências aos órgãos de direção da PRF naquele estado. Estou aguardando a resposta, que será comunicada imediatamente. E mandei acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento na PRF, como já haviam determinado quando da demissão dos policiais do caso Genivaldo, em Sergipe. Outras medidas serão informadas em breve", escreveu.

O carro em que a família de Heloísa estava era um Peugeot 207 Passion que, segundo a PRF, tem registro de roubo desde de agosto do ano passado. A ocorrência havia sido registrada na delegacia de Magé. O pai da menina, William Silva, em entrevista à TV Globo disse os agentes da PRF vieram atrás deles e não sinalizaram para ele parar o carro quando ele passou. "E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos", disse William Silva.

O instituto Fogo Cruzado publicou, nas redes sociais, que Heloísa é a 18ª criança baleada na Grande Rio em 2023. Ainda segundo os dados levantados pela entidade, pelo menos, 600 crianças e adolescentes foram baleadas no Rio de Janeiro nos últimos sete anos. Na avaliação de Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto, a quantidade de crianças e adolescentes baleadas e mortas não pode ser tratada como normal.

"Oito crianças e adolescentes foram baleados em agosto. Isso é mais de uma vítima por semana. Em nenhum lugar do mundo é normal que tantas crianças e adolescentes sejam mortos nessa frequência", afirmou Isabel Couto. "É inacreditável que esses números existam e que não tenhamos nenhuma política de segurança que funcione como resposta a eles. Parece que ninguém se importa. Quantas mortes precisamos ter para que algo seja feito?", questionou.

*Estagiária  Isabel Dourado sob a supervisão de Rosana Hessel

 

 

 

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