O governo do Rio Grande do Sul confirmou, ontem, 41 mortos em razão do ciclone extratropical que atingiu o estado — o que representa a maior tragédia natural da história da unidade federativa.
De acordo com o levantamento, o maior número de óbitos, 15 no total, ocorreu no município de Muçum, cidade gaúcha que foi severamente afetada pelas enchentes e ventos fortes provocados pelo fenômeno climático que deixou um rastro de destruição, população assustada e governo preocupado com os danos estruturais e perda de vidas.
O prefeito de Muçum, Matheus Trojan (MDB), afirmou que o cenário local é devastador. "Não existe mais a cidade de Muçum como existia", declarou Trojan. Além dos mortos, o município ainda registra nove pessoas desaparecidas, que estão sendo buscadas por equipes de resgate em meio a destroços de casas, pontes e demais estruturas que colapsaram com a força da água, que subiu rapidamente e alagou bairros inteiros.
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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, visitou a região ontem. O prefeito pediu que as pessoas não tentem ir até a cidade, pois as tentativas de chegar até o perimetro estão causando engarrafamentos. O trajeto de Porto Alegre até Muçum, que levava cerca de duas horas, está durando 4 horas. Ele pediu que donativos sejam entregues em pontos fora da cidade, mas destacou que já existem mantimentos suficientes para ajudar a população afetada pelas chuvas.
"Quem não está vindo para voluntariamente ajudar, não venha para a cidade. Mesmo para os donativos, procure outros locais", afirmou Trojan. Eduardo Leite lamentou a tragédia. "Eu sei que é duro, não tem palavra de conforto para que as pessoas fiquem sem dor. É difícil imaginar, mas vamos reconstruir essas cidades", disse Leite. Alguns números de mortos foram corrigidos ontem.
Em Roca Sales o número de óbitos subiu de 8 para 10, e, em Lajeado, de dois para três. Em Cruzeiro do Sul de um para dois. De acordo com o governo, a prioridade agora é concentrar esforços para atender vítimas, feridos, desabrigados e pessoas que perderam tudo e ficaram sem mantimentos, e por conta disso, pode ocorrer certa imprecisão no número de vítimas.
"A necessidade de priorização das ações de socorro pode, ocasionalmente, prejudicar a precisão de levantamentos preliminares, posteriormente revisados e consolidados", informou o governo estadual, em comunicado.
Estado de calamidade
Oitenta municípios estão em estado de calamidade, decretado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Até o momento, cerca de 6 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas em razão dos temporais. Foram resgatadas nos municípios afetados 2,7 mil pessoas. A Defesa Civil afirmou que precisa de voluntários para o trabalho de reconstrução das áreas afetadas. A entidade também pediu que sejam doados materiais de higiene.
A previsão do tempo é de novas chuvas fortes na noite de hoje. Amanhã, sábado (9), o céu deve ficar mais enrolado, com a queda na precipitação, ou seja, redução da quantidade de chuva. No entanto, na segunda-feira (11), estão previstos novos temporais, o que preocupa o governo do estado. O ciclone se formou a partir de um sistema de baixa pressão, que avançou pelo oceano e ganhou força, ainda na segunda-feira (4).
Conforme portaria assinada, ontem, pelo secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolf, foi reconhecido o estado de calamindade no estado. Com isso, os municípios atingidos podem solicitar recursos da União para atender a população.
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