Ciclone: Muçum é a cidade mais afetada do Rio Grande do Sul, com 15 mortos

Cidade tem metade dos mortos já contabilizados pela passagem do ciclone na Região Sul do país. Proximidade com rio é principal fator agravante

O município de Muçum ficou 80% alagado - (crédito: Reprodução/Twitter/@pandolfo_silvio)

Aline Gouveia

postado em 06/09/2023 14:49 / atualizado em 06/09/2023 14:50

O município mais atingido pelo ciclone extratropical, que causou a morte de 31 pessoas no Rio Grande do Sul, é Muçum. Lá foram 15 mortos devido a consequências do vendaval. Com população estimada em aproximadamente 4.600 moradores e extensão territorial de pouco mais de 110 mil km², a pequena cidade, que fica a 155 quilômetros da capital Porto Alegre, ficou 80% alagada, após as fortes chuvas e inundação do rio Taquari.

Todo o comércio do centro, a prefeitura e as escolas estão debaixo d'água — além disso, há regiões rurais que estão completamente isoladas, uma vez que não têm energia elétrica e serviço de telefonia. 

Também foi em Muçum que o corpo de uma ovelha apareceu pendurado num fio de energia, no meio da rua. A cena, que assustou moradores da região, marca o impacto da cheia dos rios, resultado das chuvas provocadas pela passagem do ciclone. 

A proximidade com o rio foi crucial para o alagamento. Em um intervalo de 12 horas, o nível das águas subiu mais de 13 metros. "A situação é caótica e muito grave. Pedimos a colaboração, no que vocês puderem ajudar, seja com capital humano, caminhões, toda ajuda é bem-vinda. A cidade se destruiu, teremos que começar praticamente do zero e precisaremos de muito apoio", afirmou o prefeito de Muçum, Mateus Trojan.

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Essa não é a primeira vez que o município é atingindo por condições climáticas. No final de agosto, uma chuva de granizo causou estrago em grande parte das casas — fato que fez com que o prefeito viesse à Brasília, para pedir recursos.

História do município

O povoamento da região, que hoje é conhecida como Muçum, começou no século XIX, com a chegada de colonizadores portugueses, italianos e alemães. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior parte da população está na faixa etária de 45 a 49 anos.

O nome da cidade é inspirado em uma cachoeira local e apareceu, pela primeira vez, em um relatório elaborado em 1862, pelo engenheiro militar capitão Antônio Augusto Arruda. No local, havia uma espécie de peixe chamada mussum — além do nome da cidade, o animal também inspirou o nome do famoso personagem do humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, do quarteto Os Trapalhões. 

Em relação à renda, o salário médio mensal da população é de 1,8 salário mínimo. O IBGE aponta que apenas 55,7% dos domicílios tem sistema de esgoto adequado, enquanto que 51,6% de domicílios urbanos em vias públicas contam com urbanização adequada, com a presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.

Ação do estado

Segundo o governo do Rio Grande do Sul, os esforços estão focados principalmente em operações de buscas. "As operações estão empregando seis helicópteros da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Civil, além dos que pertencem à Polícia Rodoviária Federal, à Força Aérea Brasileira e à Marinha do Brasil. O Estado está articulando com as Forças Armadas a cedência de mais aeronaves. A Defesa Civil segue monitorando continuamente a situação das bacias hidrográficas do Estado. Além do Vale do Taquari, requer atenção o Vale do Rio Pardo."

Números

De acordo com a Defesa Civil, 70 municípios foram afetados pelo ciclone no Rio Grande do Sul. Além das 27 mortes, há 3.084 pessoas desalojadas e 2.299 desabrigadas. Considerando todos os impactos dos estragos, estima-se em 52.157 o total de pessoas afetadas.