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Resgatados 50 homens de clínica clandestina em Goiás

Local funcionava na zona rural de Anápolis e não tinha autorização dos órgãos competentes para funcionar. Internos eram mantidos em cárcere privado e submetidos a tortura

A Polícia Civil de Goiás resgatou 50 vítimas de uma clínica clandestina, na zona rural de Anápolis, que eram mantidas em cárcere privado e submetidas a tortura. O local supostamente oferecia tratamentos psiquiátricos, mas os pacientes foram encontrados trancados em quartos, com ambiente insalubre, alimentação precária, sem medicação e sem acompanhamento médico ou psicológico. O local não tinha autorização dos órgãos competentes para funcionar.

Os 50 resgatados são todos homens, entre 14 e 96 anos, incluindo pessoas com deficiência intelectual, além de um cadeirante, um homem com um espectro autista e dependentes químicos. O local chegou a ser comparado a um "campo de concentração" pelo delegado responsável pela investigação, Manoel Vanderic.

De acordo com a Polícia Civil goiana, os pacientes eram levados à clínica de maneira ilegal e ainda eram obrigados a pagar um salário minimo por mês, pelo menos. Muitos foram encontrados pelos policiais sedados e apresentavam lesões graves e não tratadas, além de desnutrição e confusão mental.

A clínica era chamada de Amparo Centro Terapêutico e de propriedade do casal de pastores Klaus Júnior e Suelen Klaus. Segundo a Polícia Civil goiana, ambos foram presos em flagrante, além de quatro pessoas que trabalhavam no local e que foram acusados de agredirem fisicamente as vítimas. Os seis responderão por tortura e cárcere privado qualificado. Um dos internos fugiu durante a diligência e está sendo procurado.

Suelen Klaus ocupava, também, o cargo de gerente do banco de servidores comissionados da Secretaria Municipal de Economia e Planejamento de Anápolis. Foi exonerada do cargo, ontem mesmo, pelo prefeito Roberto Naves e Siqueira (PP). A decisão foi publicada do Diário Oficial do município.

O caso foi identificado pela polícia depois da entrada de um idoso, de 96 anos, no Hospital Estadual de Anápolis com lesões pelo corpo e estado precário de saúde. A situação foi investigada pela Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso (Deai), que constatou que ele era interno da clínica clandestina.

Resgate

As 50 vítimas foram resgatadas na terça-feira e foram enviadas aos serviços de saúde mental e assistência social da Prefeitura de Anápolis. Na madrugada de ontem, os homens receberam alimentação, higiene e primeiros socorros no estádio da cidade, onde o município montou uma força-tarefa para atendê-los.

Servidores realizaram a identificação das vítimas e diligências para localizar parentes — vários dos internos são de outras unidades da Federação. Parte dos resgatados também precisou ser hospitalizada em razão das lesões e do estado frágil de saúde.

Nas redes sociais, uma página da clínica mostra as dependências, incluindo o quarto no qual os pacientes ficavam em beliches triplos, de madeira. As fotos do local condizem com as divulgadas pela polícia. As páginas da clínica clandestina trazem postagens motivacionais e de combate à dependência química.