No Brasil, a data de 29 de agosto marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 9,51 % da população — quase uma em cada 10 pessoas— fumam, apesar de o país ter sido reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao cigarro, com um dos menores índices de fumantes do mundo.
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Entretanto, especialistas conseguiram provar que apesar de não estar em contato com a fumaça, isso não é o suficiente para não sofrer com os malefícios. Estudo realizado por pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute e publicado na revista Pediatrics mostrou que ambientes defumados pelo tabaco também estão repletos de partículas cancerígenas, que podem permanecer por até dois meses.
O chamado thirdhandsmoke (fumo de terceira mão) permanece no ambiente mesmo depois que o cigarro acaba e a fumaça é dissipada. As toxinas e resíduos do cigarro ficam impregnados em roupas, almofadas, sofás, tapetes, carpetes, cortinas e outros objetos no ambiente e representa risco à saúde, especialmente de bebês e crianças.
O pneumologista da Oncoclínicas Brasília, Fabricio Sanches, explica sobre o termo e as consequências de estar em um local com fumantes. "Um dado interessante aqui no Brasil é que cerca de 10,7% das pessoas não fumantes são expostas à fumaça de cigarro dentro das casas e 15% no local de trabalho. Nesse contexto, a exposição do thirdhandsmok é embasada na presença e na persistência desses componentes tóxicos que ficam no ambiente, sobretudo quando a gente se relaciona a ambientes com crianças porque esses materiais acabam ficando depositados em cadeiras, no chão, em tapetes e cortinas onde as mesmas tenham contato mais próximo e ficam no ambiente depois são remitidos pro ar e voltam a circulação e exposição inalatório das outras pessoas que não fumam."
Outro problema que surgiu nos últimos tempos foi a popularização dos cigarros eletrônicos conhecidos como vape, que tem conquistado os mais jovens. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca, o cigarro eletrônico aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Especialistas estimam que cerca de 600 mil pessoas utilizam o cigarro eletrônico.
O oncologista da Oncoclínicas Brasília, Marcelo Uchôa, fala sobre os principais desafios desse problema que tem afetado os mais jovens: "Como ainda não há regulamentação por parte do governo em relação ao cigarro eletrônico no Brasil, não é possível saber o que as pessoas estão aspirando. Estudos mostram que os níveis de toxicidade podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que muitas vezes apenas mascaram os efeitos danosos. Ainda não temos como saber quais serão as consequências do uso desse tipo de cigarro a médio e longo prazos. O que nos preocupa é como isso pode afetar toda uma geração".
A relação do tabagismo com o câncer
O cigarro está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, dentre eles o de pulmão, laringe, bexiga e cânceres de cabeça e pescoço. O tabagismo está na origem de 90% de todos os casos de tumores de pulmão no mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da condição. Segundo dados do Ministério da Saúde, pessoas que fumam têm 30% mais chances de desenvolver câncer de pulmão.
Sanches explica sobre essa relação direta do cigarro e as medidas feitas para diminuir ainda mais: “o combate ao tabagismo passa inevitavelmente por políticas públicas de saúde. No nosso país as políticas de ações educativas, legislativas e econômicas que vem gerando uma diminuição da aceitação social do tabagismo. Existem programas de controle ao tabagismo e que tem disponibilização pelo Ministério da Saúde de materiais de apoio e medicamentos que são utilizados para esse fim e de forma gratuita”.
O pneumologista completa: “Nesse cenário a gente fala de medidas comportamentais em que se busca entender o porquê uma pessoa fuma e explicar como isso afeta a saúde dela e de modo coletivo as pessoas mais próximas. E uma vez instituído o tratamento em que se aborda as medidas comportamentais e medicamentosas a gente consegue impactar na menor mortalidade relacionada ao tabagismo”.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) 161.853 mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de um terço dos óbitos são decorrentes de algum tipo de câncer relacionado ao hábito de fumar. Dados do Instituto mostram também que, no Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo.
Benefícios para quem deixa de fumar
Segundo Uchôa, o tabagismo é uma doença crônica e afirma que parar de fumar não é uma tarefa fácil. O especialista ressalta que os cigarros têm características que facilitam o consumo, como não ser ilegal e ser de baixo custo.
"Ter o apoio da família é muito importante nesse processo. É fundamental que o fumante tenha palavras de incentivo e conte com a paciência daqueles que o cercam. Praticar atividade física também diminui afissura com o tabaco. Vale ressaltar que fazer exercícios é um excelente incentivo para quem quer ter hábitos de vida mais saudáveis. Buscar ajuda médica e psicológica também são essenciais para que a pessoa consiga alcançar o objetivo de parar de fumar", ressalta o oncologista.
* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca
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