Homenagem

Rosa Weber pede um minuto de silêncio em homenagem a Bernadete Pacífico

Líder quilombola foi assassinada na semana passada, em Simões Filhos (BA). Presidente do STF lembrou visita em comunidade

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, lamentou, na tarde desta quarta-feira (23/8), a morte da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico — assassinada a tiros no Quilombo Pitanga de Palmares, na cidade de Simões Filhos (BA), na semana passada. A magistrada comentou o caso no inicío da sessão plenária da Corte e pediu um minuto de silêncio em homenagem a vítima. 

“Temos um longo caminho a percorrer como sociedade no sentido de avanço civilizatório”, ressaltou Weber. Em julho, a ministra visitou a região do quilombo da ialorixá. Na ocasião, Bernadete Pacífico denunciou a ela a intensificação das ameaças que estava sofrendo. A líder quilombola relatou que a comunidade era intimidada principalmente fazendeiros. Segundo ela, sua casa estava sendo vigiada por terceiros.

Na sessão desta quarta-feira, a presidente do STF relatou ter ficado chocada pelo relato de Mãe Bernadete, o que a motivou a conversar com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sobre o caso.

“Fiquei tão impressionada com aquela visita que, quando estive com o governador do Estado da Bahia à noite em um jantar que Sua Excelência ofereceu, registrei e pedi um cuidado especial com os quilombolas tamanha a situação que me parece de desamparo, uma situação muito difícil das comunidades quilombolas”, ressaltou a ministra.

Rosa Weber também informou sobre a instituição de um grupo de trabalho, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para elaborar estudos e propostas com o objetivo de melhorar a atuação do Judiciário em ações que envolvam posse, propriedade e titulação dos territórios em que se localizam as comunidades quilombolas.

Entenda o caso

Bernadete Pacífico, líder quilombola renomada, foi executada a tiros na noite da última quarta-feira (16/8), em sua residência, no Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia e da ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, dois homens utilizando capacetes invadiram o terreiro do quilombo, fizeram reféns e assassinaram a quilombola.

Wellington Santos, filho da vítima , disse à imprensa da Bahia que a mãe estava com três netos e uma outra criança no momento da execução. De acordo com ele, os assassinos afastaram as crianças e mataram Bernadete com 12 tiros.

"Minha família está sendo perseguida. Em 2017, meu irmão foi assassinado da mesma forma e ontem minha mãe foi executada enquanto estava com seus três netos. Queria saber o que a gente fez para esse povo. Não sabia que fazer o bem contraria tanto as elites", disse o homem em entrevista a TV Bahia.

Matriarca do quilombo Pitanga dos Palmares e ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, a líder era conhecida como Mãe Bernadete e passou a vida lutando pelos direitos dos quilombolas.

*Estagiário sob supervisão de Luana Patriolino