Por Marina Dantas*
O apresentador Fausto Silva, 73 anos, precisará de um transplante de coração, após piora no quadro de insuficiência cardíaca, e já entrou na fila do SUS (Sistema Único de Saúde). Em comunicado divulgado na noite do último domingo (20/8), os médicos Fernando Bacal, cardiologista, e Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico e de Serviços Hospitalares do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, informaram que Faustão está sob cuidados intensivos, em diálise, e precisa de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração — quadro que indica a necessidade de transplante. Ele está internado desde 5 de agosto.
Apesar de o Brasil possuir o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, a lista de espera é extensa. Em nota ao Correio, o Ministério da Saúde informou que 65.911 pessoas esperam por transplante de órgãos no país, sendo 378 dessas para transplante cardíaco. Com isso, o apresentador pode ter que esperar alguns meses para fazer a cirurgia.
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A lista de espera para um transplante cardíaco é cronológica e segue critérios como características específicas do doador, compatibilidade de grupo sanguíneo e de peso entre paciente e doador, e critérios de priorização do receptor, entre outros, explica a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
A fila é única e geral tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada. Após a análise dos critérios envolvidos no processo de seleção, a classificação final dos candidatos a receberem o coração se dá por tempo de espera. Para o paciente ser colocado como preferencial na lista de distribuição de órgãos existem critérios bem estabelecidos e predeterminados pelo Ministério da Saúde.
Prioridades
De acordo com o novo regulamento do Sistema Nacional de Transplantes, pessoas com até 18 anos têm prioridade para receber órgãos de doadores na mesma faixa etária. A indicação de priorização é de competência médica, portanto, o pedido é feito pela equipe responsável pelo caso. Esse pedido, ao lado de documentos que comprovem a gravidade do quadro, é encaminhado para a Central de Transplantes. A validade da priorização é de 30 dias podendo, entretanto, ser renovada.
Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes, da Associação Brasiliera de Transplante de Órgãos (ABTO), entre janeiro e março de 2023, 97 pessoas receberam um novo coração no Brasil. Em comparação com o mesmo período de 2022, que contabilizou 74 ocorrências, houve um aumento de 23 casos.
Número de transplantes vem crescendo
O número anual de transplantes de coração, segundo o registro, vem aumentando gradativamente. Em 2017 e 2019 registraram-se os maiores números absolutos de transplantes, com 380 casos em cada ano. Já em 2020, ano marcado pela pandemia de covid-19, o número de casos caiu para 308. Em 2021 e 2022, os números voltam a aumentar, com 334 e 356 casos, respectivamente.
Por suas características, uma cirurgia de transplante exige uma série de cuidados além da prática médica em si. Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado tempo de isquemia. Para o coração, o tempo é de apenas quatro horas, o que torna o transplante do órgão ainda mais complexo, afirma o Ministério da Saúde.
*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo