Feminicídio

Polícia acha 3ª faca usada no assassinato de médica encontrada em mala

Novo depoimento do namorado da vítima, que admitiu o crime, levou a polícia a encontrar a arma no apartamento

A Polícia Civil de São José do Rio Preto (SP) informou que encontrou, nesta segunda-feira (21/8), uma terceira arma utilizada no assassinato da médica Thallita da Cruz Fernandes. Segundo a polícia, em um novo depoimento, Davi Izaque Martins Silva, 26 anos, namorado da vítima, detalhou a existência da faca e onde ela poderia ser encontrada. Davi assumiu, ainda, ter utilizado cocaína e ecstasy antes de matar a médica enquanto ela dormia.

Thallita, de 28 anos, foi encontrada morta em seu apartamento, dentro de uma mala, na sexta-feira (18/8), no bairro Vila Imperial, em São José do Rio Preto. Davi Izaque foi preso no sábado (19/8).

O delegado titular da 3ª Delegacia de Homicídios de São José do Rio Preto, Alceu Lima de Oliveira Júnior, explicou ao Correio que, em um primeiro depoimento, Davi dizia estar sofrendo um “lapso de memória” e não se lembrar do ocorrido, apenas assumindo ter utilizado uma “porção” de cocaína. Porém, segundo o delegado, em novo depoimento, deu detalhes do crime e do que ocorreu logo antes, o que possibilitou a localização da terceira faca.

Segundo Alceu Oliveira, o rapaz teria saído com amigos na quinta-feira (17/8), quando usou cocaína e “dois ou três” comprimidos de ecstasy e consumiu cerveja. Após chegar ao apartamento da médica, os dois teriam discutido sobre o consumo de drogas dele. “Ela perguntou ao Davi como ele tinha dinheiro para drogas e bebidas, mas não podia ajudar nas despesas da casa. Foi uma discussão acalorada, mas o casal se entendeu depois, segundo o depoimento dele”, contou o delegado.

Ao fim da discussão, Thallita se dirigiu ao quarto para dormir, enquanto Davi foi para a sala, onde teria tomado mais duas cervejas, cujas embalagens foram encontradas pela perícia, disse o delegado. O namorado, então, se levantou, pegou a faca na cozinha e foi para o quarto, quando “atacou Thallita a facadas enquanto ela dormia”. Davi deixou o apartamento na tarde de sexta-feira, pedindo um carro de aplicativo.

A teoria da polícia é a de que a médica desejava terminar o relacionamento, mas o namorado não concordava, principalmente por depender financeiramente dela. Para os oficiais, Davi não queria perder o padrão de vida que ela lhe proporcionava.

O corpo da médica foi encontrado sem roupas dentro de uma mala, que se encontrava na área de serviço do apartamento. Ela tinha marcas de ferimentos no rosto. Também foi encontrado sangue no quarto de Thallita e no banheiro do imóvel.

Testemunhas relataram que Davi havia começado no emprego de caixa de uma hamburgueria na segunda-feira (14/8). Ele faltou ao trabalho na quinta-feira e novamente na sexta-feira, dia em que o corpo foi encontrado.

Investigações continuam

Segundo o delegado Alceu Oliveira, as investigações continuam mesmo com a confissão de Davi. Ele explica que a polícia ouvirá duas testemunhas: um membro da administração do condomínio e uma amiga de Thallita. A polícia não confirmou se a testemunha seria a mesma amiga que chamou a polícia após receber uma mensagem da médica dizendo não poder falar pois “o dia estava corrido”, enquanto sabia que ela estava de folga.

O depoimento de Davi dado nesta segunda-feira à polícia foi feito de forma “informal”. O delegado explicou que ele ainda precisará depor de forma oficial, o que deve acontecer nos próximos dias.

Alceu Oliveira explicou que a polícia obteve, com o depoimento, mais informações a respeito das motivações de Davi e de detalhes descritos pelo assassino, como a força utilizada nos golpes. O delegado explicou que a polícia manterá essas informações em sigilo a fim de preservar e respeitar os familiares da vítima.

*Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer