QUILOMBO

Sílvio Almeida envia comitiva para apurar morte de Bernadete Pacífico

Maria Bernadete Patrocínio foi assassinada em terreiro, no Quilombo Pitanga dos Palmares na Bahia. Ministério de Direitos Humanos enviou comitiva para apurar o caso

A investigação sobre o assassinato brutal de Maria Bernadete Pacífico, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), será acompanhada de perto pelo Ministério dos Direitos Humanos. A informação foi dada pelo ministro da pasta, Silvio Almeida, que disse que o grupo se deslocará de maneira "imediata" à Simões Filho. 

A religiosa foi assassinada a tiros na noite de quarta-feira (17/8). De acordo com o Ministério da Igualdade Racial, o terreiro de Mãe Bernadete, situado em Simões Filho (BA), foi invadido por dois criminosos com capacetes, que fizeram familiares reféns antes de executar a religiosa.

"Recebo a informação de que Yalorixá Bernadete, defensora de dh e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, foi assassinada. Determinei o imediato deslocamento das equipes do
@mdhcbrasil até Simões Filho, na Bahia. Expresso minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu, na manhã desta sexta.

Conaq cobra investigação

Em nota publicada na quinta-feira, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) lamentou o assassinato de Maria Bernadete Patrocínio, popularmente conhecida como Mãe Bernadete. 

"Sua dedicação incansável à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo será sempre lembrada por nós. Nos apoiaremos no seu exemplo e no seu legado na luta por justiça. Nossos sentimentos estão com o Quilombo Pitanga dos Palmares, com suas amigas e amigos, e com sua família, da qual fazemos parte enquanto quilombolas. Sua ausência será profundamente sentida", afirmou o comunicado.

O pronunciamento da Conaq também lembra que o filho de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), foi executado seis anos atrás. "O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça. Junta-se à injustiça mais uma vítima da violência enfrentada por aqueles que ousam levantar suas vozes na defesa dos nossos direitos ancestrais", comentou a nota.

A Conaq também exigiu medidas "imediatas" do estado brasileiro para investigar a morte de Maria Bernadete e garantir a proteção de lideranças quilombolas. 

"Que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados", demandou.