Uma perícia realizada pela Polícia Civil encontrou fragmentos de projétil no corpo de Eloáh Passos, 5 anos. A menina foi atingida com um disparo no peito enquanto brincava em casa, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro. O material localizado será novamente periciado e comparado com as armas de policiais militares que estavam no local quando a criança morreu.
A Secretaria Estadual da Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou o tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar (BPM) da Ilha do Governador. Segundo a PM, foi instaurado procedimento apuratório “para averiguar a conjuntura das ações e a corregedoria da corporação acompanha os trâmites do caso. As imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar nas investigações”.
As imagens captadas pelas câmeras presentes nas fardas dos policiais foram recolhidas e estão sendo analisadas pela Polícia Civil. Em entrevista coletiva, o secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Luiz Henrique Pires, informou que vai intensificar o treinamento dos PMs que se envolverem em operações violentas.
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“Não existe em nosso manual, nossos protocolos, nenhum tipo de orientação para que a partir do momento que um carro não pare numa abordagem, que ocorra qualquer tipo de disparo. A orientação é cercar, é comunicar via rádio”, disse o secretário.
A versão da Polícia Militar sobre os disparos é de que, durante patrulhamento, dois homens em uma motocicleta chamaram a atenção na Rua Paranapuã, e que o garupa portava uma pistola na cintura. Policiais envolvidos na ação relataram que após tentativa de abordagem, o jovem fez disparos de arma de fogo contra os policiais, momento em que houve revide.
Ainda de acordo com a PM, minutos depois, enquanto reforçavam o patrulhamento no entorno do Dendê, policiais foram alvos de tiros disparados do interior da comunidade. Na sequência, manifestantes fecharam as ruas próximas e começaram a atirar pedras contra os carros e as equipes policiais. Com isso, a PM afirmou que o Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) foi acionado para dar apoio ao policiamento e o Corpo de Bombeiros, para conter as chamas
Violência policial
De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, sete crianças morreram vítimas de bala perdida no Rio em 2023. Cerca de 601 crianças e adolescentes de até 17 anos foram baleados nos últimos sete anos na Grande Rio. Do total de baleados, 286 foram atingidos em ações policiais — o que representa 47,5%. As demais 315 crianças e adolescentes foram atingidas em outras circunstâncias, como disputas entre grupos armados, execuções, homicídios, tentativas de homicídio, brigas, vítimas de disparos acidentais e ataques a civis.