Ambientalistas protestam, neste domingo (6/8), último dia do Diálogos Amazônicos, contra a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, no Amapá. “Não queremos óleo no nosso peixe”, gritavam os manifestantes do Instituto Arayara.
O pedido da Petrobras para instalar uma sonda de perfuração no rio amazônico foi razão para desconfortos no governo. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) defende a questão, alegando que este é um desejo da população amapaense. A negativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), causou mal-estar entre o então senador da Rede e a correligionária e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O episódio foi o estopim para a saída de Randolfe da Rede.
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“A posição do governo é respeitar a ciência e a técnica, o tempo de desobediência à ciência e à técnica acabou no país. A Amazônia é a maior floresta tropical do globo, o maior manancial de água potável do planeta […], mas a Amazônia também são 25 milhões de humanos que aqui estão e para isso tem que se debater com eles as alternativas de geração de emprego e de renda”, afirmou Randolfe na sexta (4) durante o Diálogos Amazônicos.
“Eu fico muito feliz que o mundo esteja se voltando para falar com o Amapá, por conta da riqueza do petróleo que tem na margem, pelo menos assim o mundo olha para o Amapá e olha para a Amazônia, e aí a gente consegue debater junto a questão da preservação e das alternativas para dar de comer para o povo. Porque não tem devastação ambiental maior do que a produzida pela fome, pelo desemprego, pela miséria”, completou.
Ontem, Marina declarou que o Ibama vai avaliar a solicitação da Petrobras para perfuração de teste na costa amapaense.
“No processo de licenciamento (ambiental) o empreendedor tem o direito de reapresentar a proposta. A Petrobras reapresentou a proposta e o Ibama, com toda isenção, vai fazer essa avaliação. Porque, num governo republicano, os técnicos têm a liberdade de darem seus pareceres e as autoridades, que devem fazer política pública com base em evidência, devem olhar para aquilo que os técnicos estão dizendo”, disse ela.
Segundo a ministra, o Ibama não dificulta ou facilita concessões de licenças ambientais. “O presidente Lula tem dito que os empreendimentos complexos ele está encaminhando para estudos. Muitos deles, e obviamente quando você não é negacionista, aquilo que a ciência e a técnica dizem importa na hora de tomar as decisões. O Ibama não dificulta nem facilita.”
“O Ibama tem um parecer técnico que deve ser observado. Nós já demos mais de 2 mil licenças para a Petrobras ao longo dos tempos. Se as licenças dadas não foram ideológicas, as licenças negadas também não são ideológicas”, acrescentou Marina.
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