Ações policiais em três estados — São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia — deixaram 41 mortos desde o fim de semana. Na Operação Escudo, no Guarujá, litoral paulista, chegou a 16 o número de vítimas fatais desde que as forças de segurança chegaram ao município em função da morte do policial da Rota Patrick Bastos Reis. Nesta terça-feira, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, as polícias Civil e Militar mataram 10 pessoas em uma ação para reprimir o tráfico de drogas na comunidade. E na Bahia, duas operações — nos municípios de Itatim e Camaçari —, resultaram na morte de 15 pessoas.
No caso de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública destacou que dos 58 presos, 38 foram detidos em flagrante e outros 20 eram procurados da Justiça. Várias entidades, porém, têm questionado a atuação dos policiais e apontam abusos. Porém, o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) nega que houve violência excessiva.
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Uma comissão formada pela Ouvidoria das Polícias do Estado, pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) está no Guarujá investigando eventuais arbitrariedades. Desde o primeiro dia da operação, Claudio Silva, ouvidor da Polícia, recebeu relatos de truculência — por causa disso, pediu as câmeras corporais dos policiais envolvidos na operação.
De acordo com o Conselho de Defesa de São Paulo, apenas uma das equipes da PM envolvida nas 16 mortes fazia uso da câmera corporal. Dimitri Sales, presidente do colegiado, afirmou que há indícios que houve vingança pela morte do policial Patrick Bastos Reis.
No Rio de Janeiro, operação conjunta das polícias Civil e Militar matou 10 pessoas que teriam envolvimento com o tráfico de drogas. O objetivo era prender criminosos de outros estados que estão escondidos pela facção criminosa que comanda a venda de drogas no Complexo da Penha. Um adolescente e dois integrantes do Bope estão entre os feridos.
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) informou que entre os mortos está Carlos Alberto Marques Toledo, conhecido como Fiel da Penha — contra o qual tinha um mandado de prisão preventiva por associação e tráfico de drogas. Outro morto é Carlos Henrique da Silva Brandão, o Do Leme, que também era procurado pela polícia e chefe do tráfico de drogas na Chatuba — bairro no município de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Dezesseis escolas não abriram por causa do tiroteio e mais de 3 mil alunos não puderam estudar. Alguns corpos foram levados para o hospital estadual Getulio Vargas pela própria polícia, mas outros foram removidos pelos moradores da comunidade.
Reações
Na Bahia, uma ação da PM, no último fim de semana nos municípios de Itatim e Camaçari, resultou na morte de 15 pessoas. De acordo com as notas divulgadas pela corporação, como os agentes foram recebidos a bala, reagiram e fizeram as vítimas.
A série de mortes começou na última sexta-feira, quando uma equipe da PM enfrentou um suposto grupo criminoso, em Camaçari. Sete pessoas morreram na troca de tiros. Nesta ação, houve a apreensão de uma submetralhadora 9mm, cinco pistolas de calibre 9mm e .40, um revólver calibre 38, dinheiro em espécie, além de 620 pedras de crack, 170 porções de maconha embaladas para comercialização e 743 pinos de cocaína.
Em Itatim, PMs da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) foram enviados ao município, na Chapada Diamantina, no domingo, atendendo ao chamado sobre a presença de supostos traficantes. Segundo a nota divulgada pela corporação, o grupo foi recebido a tiros e oito suspeitos morreram. Foram apreendidas nove armas de fogo, além de 284 gramas e 113 papelotes de cocaína e 50 gramas de maconha.
*Estagiários sob supervisão de Fabio Grecchi
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