O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, afirmou em live, ontem, para os professores da rede estadual que os livros didáticos comprados pelo Ministério da Educação (MEC), são um "enriquecimento" para as escolas. A nova posição da pasta veio um dia depois do recuo do governador Tarcísio de Freitas na decisão de rejeitar as obras e optar pelo material digital.
Há duas semanas, a postura de Feder, porém, era outra e de crítica ao material distribuído pelo MEC. Afirmou que o livro didático avaliado e comprado pelo ministério era "raso e superficial".
Com a repercussão negativa da decisão, a Secretaria da Educação mandou ofício ao MEC pedindo que São Paulo voltasse a fazer parte do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Além disso, 16, a 4ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou liminarmente a anulação do ato administrativo de Feder, que recusava as obras do plano.
Segundo a secretaria, a decisão de voltar atrás havia sido tomada antes da ordem judicial. Na live de ontem, o secretário afirmou que "conversou com a rede, escutou os profissionais da educação, especialistas, professores, alunos" para endossar o recuo de Tarcísio.
"A gente decidiu que, para enriquecer a nossa escola, para dar uma possibilidade adicional aos nossos professores, a gente vai fazer a adesão integral ao PNLD. Podem usar à vontade o PNLD", disse. Ao justificar a recusa dos livros no início do mês, Feder havia dito, também, que as obras confundiam os professores, que recebiam "dois comandos" em suas aulas.
Mas isso não quer dizer que São Paulo não adotará livros digitais. O secretário enfatizou que o material — organizado em cerca de 20 slides de Power Point para cada aula, de cada disciplina — está mantido e que estará "alinhado" às apostilas impressas da rede estadual.
Em mais uma mudança de discurso, afirmou que o PNLD, agora, faz parte da diretriz da secretaria. "O PNLD caminhando lado a lado com o currículo paulista", afirmou.
Especialistas, outros secretários de Educação, autores e editoras de livros criticaram fortemente a decisão do governo paulista assim que foi anunciada. Em relatório, a Unesco também havia alertado, no mês passado, sobre os cuidados com o uso excessivo de tecnologia nas escolas do mundo. Países como a Suécia chegaram a voltar atrás em decisões em favor de materiais digitais para voltar aos impressos.
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