CÚPULA AMAZÔNICA

Guajajara e Tebet comentam dados do Censo Indígena do IBGE

As ministras compareceram à coletiva de imprensa de lançamento dos dados nesta segunda-feira (7/8)

Ândrea Malcher
Mayara Souto
postado em 07/08/2023 15:02 / atualizado em 07/08/2023 15:03
Cerimônia de lançamento contou com a presença das ministras e do cacique Raoni -  (crédito: Reprodução)
Cerimônia de lançamento contou com a presença das ministras e do cacique Raoni - (crédito: Reprodução)

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participaram de coletiva de imprensa de lançamento do Censo Indígena 2022, durante a Cúpula da Amazônia, nesta segunda-feira (07/08). O levantamento foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As ministras comentaram sobre a conquista de chegar a territórios distantes e como o trabalho foi integrado entre cinco ministérios. Ao Correio, Guajajara comentou sobre existir mais jovens indígenas atualmente.

Os dados do Censo apontam que o Brasil possui 1,7 milhão de indígenas, número que em 2010 era quase a metade, 896 mil. O IBGE afirmou que a troca de metodologia é a responsável por esse grande salto, já que até a última edição, eram contabilizadas apenas as aldeias reconhecidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Neste ano, também foram considerados agrupamentos indígenas identificados pelo IBGE e as outras localidades indígenas, que são ocupações domiciliares dispersas em áreas urbanas ou rurais. "Toda vez que a gente faz um Censo a gente redescobre o Brasil e essa divulgação de hoje mostrou isso. Estamos entregando com qualidade um retrato atualizado da população indígena do país", afirmou Cimar Azeredo, representante do IBGE. 

Sônia Guajajara elogiou a equipe do Censo que conseguiu chegar "nos territórios de mais difícil acesso" como, por exemplo, os Yanomami, no Amazonas, e os Anhembi, no Amapá. Ela reforçou que tal ação fortalece os dados obtidos. "Para nós é importante porque facilita, inclusive, a elaboração de políticas públicas adequadas a cada uma dessas realidades onde estão presentes os povos indígenas. É um momento muito significativo dessa retomada do protagonismo dos povos indígenas" afirmou a ministra.

Perguntada pelo Correio sobre o aumento da população indígena estar ligado à juventude, ela explicou que vários fatores podem explicar esse dado. "Alguns fatores precisam ser considerados, esse próprio item do pertencimento fortaleceu que os povos indígenas que estão em contexto urbano também pudessem se apresentar com indígenas. Outro fator são os dados de estimativa das próprias lideranças indígenas desse aumento nas aldeias de crianças e jovens", declarou Guajajara. 

Em discurso, Simone Tebet agradeceu aos cinco ministérios envolvidos na produção do Censo Indígena: Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Planejamento e Orçamento, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Defesa e Ministério da Saúde. "Tivemos o uso de helicópteros da Polícia Rodoviária Federal, pelo Ministério da Justiça, tivemos combustível fornecido pelo Ministério da Defesa, pelas Forças Armadas Brasileiras, tivemos a parceria de guias indígenas que Sônia nos colocou porque se não muitas pessoas não queriam ter contato [com os recenseadores]", afirmou. Tebet ainda reafirmou a importância de ter esses dados para saber como destinar a verba pública: "Se nós não soubermos quantos somos em cada área, em cada etnia, em gênero, em faixa etária, como é que nós vamos colocar o pouco recurso que temos de forma eficiente para chegar lá na ponta?! Muitas vezes não falta dinheiro, falta gestão, falta autoconhecimento e aplicar bem o pouco que se tem", concluiu. 

Durante cerimônia de lançamento do Censo Indígena, o cacique Raoni também esteve presente. "Estamos vivenciando muitas mudanças, como calor, seca, entre outros. Podemos ter problemas muito sérios se a gente não se unir", afirmou a liderança referindo-se à preservação do meio ambiente. 

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