As religiões de matriz africana foram novamente alvo de intolerância religiosa e de vandalismo. Na noite deste sábado (22/7), uma estátua da Orixá Iemanjá foi depredada na praia Olho D’Água, em São Luís, capital do Maranhão.
O monumento é localizado na chamada Praça de Iemanjá, e servia como ponto de referência e também de culto a religiões de matriz africana. A imagem está na região há cerca de 30 anos e passou por restauração feita por um grupo de fiéis em 2019.
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O caso foi repudiado pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão. O governo do estado definiu o caso como racismo religioso.
"O monumento é alusivo ao processo de luta dos povos de terreiro maranhenses por reconhecimento e liberdade religiosa. Além de um dano ao patrimônio público, trata-se de um ataque de racismo religioso aos povos tradicionais de terreiro que deve ser repudiado e combatido", concluiu a secretaria.
Intolerância religiosa
Os crimes relacionados à intolerância religiosa mais que dobraram segundo dados do governo federal. De 2021 para 2022, os casos registrados saltaram de 583 para 1,2 mil, um aumento de 106%
A maioria das vítimas são feitas por praticantes de religiões como umbanda e candomblé, de raiz africana. Só no primeiros 20 dias de 2023 foram registradas 58 ocorrências no Disque 100, canal para denúncias que violem direitos humanos.
Um relatório da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), intitulado Respeite o meu Terreiro, entrevistou 255 lideranças religiosas em todo o território nacional. A amostra — que aponta a concentração de 46% dos terreiros no Sudeste — revelou que quase 99% dos entrevistados confirmaram já ter sofrido algum tipo de ofensa.