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Mortes ligadas ao álcool caem entre homens, mas sobem entre mulheres

Levantamento aponta que mesmo com o aumento no número de mortes entre mulheres, os homens continuam compondo a maior parte desses óbitos: 76%

Camilla Germano
Helena Dornelas
postado em 27/07/2023 23:24 / atualizado em 27/07/2023 23:37
"O aumento do consumo de álcool por mulheres tem despertado a atenção de profissionais de saúde", explica Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA - (crédito: Reprodução Unsplash)

A nova edição do Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023 — feito pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) — mostrou que mais mulheres estão morrendo por uso abusivo de álcool no Brasil. Houve um aumento de 7,5% de mortes e de 5% das internações entre as pessoas do gênero feminino entre 2010 e 2021.

Mesmo assim, os homens continuam compondo, a maior parte desses óbitos, representando 76% do total em 2021. Além disso, os usuários de álcool na faixa etária de mais de 55 anos representam 40% dos óbitos atribuídos à bebida. Esse percentual era de 42% em 2010 e passou a 54% em 2021, com crescimento anual.

O estudo separa as condições de saúde relacionadas ao consumo nocivo de álcool em duas: aquelas que são parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA), ou seja, ocorrem quando essa substância é um fator de risco importante, mas não exclusivo como o caso da doença hepática ou da doença cardíaca hipertensiva; e as que são totalmente atribuíveis ao álcool (TAA), ou seja, não existiriam se não houvesse o consumo, como a dependência de álcool e a síndrome alcoólica fetal (SAF).

A notícia positiva é que os dados apontam para uma queda das mortes (-4,8%) e das internações (-8,8%) atribuíveis ao álcool, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes entre 2010 e 2021. Entre os homens, a diminuição é ainda maior, de -8% e -13%, respectivamente. No entanto, a exceção fica por conta das mulheres, parcela da população que registrou crescimento tanto dos óbitos (+7,5%), como das hospitalizações (+5%).

Para a socióloga e coordenadora do CISA, Mariana Thibes, é necessário aprofundar questões essenciais sobre o assunto. “Para avançarmos em políticas públicas, precisamos entender melhor por quais razões as mulheres estão bebendo de forma mais prejudicial e sensibilizá-las para esta conversa”.

“O aumento do consumo de álcool por mulheres tem despertado a atenção de profissionais de saúde mundialmente e a preocupação ganha maior relevância quando os dados indicam impactos cada vez mais significativos na vida de tantas mulheres, como no Brasil. Embora homens continuem sendo as maiores vítimas, é urgente a elaboração de medidas voltadas para a prevenção do uso nocivo de álcool pelas brasileiras”, destaca Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há nível de consumo de bebidas alcoólicas considerado seguro. O Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo dos Estados Unidos (NIAAA) recomenda que homens não bebam mais do que duas doses por dia e que as para as mulheres não bebam mais que uma dose diária — de acordo com o CISA uma dose de de bebida equivale a 14 g de álcool puro, o que corresponde a 350 mL de cerveja (5% de álcool), 150 mL de vinho (12% de álcool) ou 45 mL de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin, tequila, com 40% de álcool).

Os dados de 2021, após o pico de mortes totalmente atribuíveis ao álcool em 10 anos observado no primeiro ano da pandemia, o levantamento do CISA mostrou uma queda de 2,3% (de 8.738 em 2020 para 8.539 em 2021). No total, o álcool esteve associado a 69.054 mortes em 2021 (76,4% homem x 23,6% mulher).

Internações por álcool

Quando analisados os dados da população geral entre 2010 e 2021, quase todas as faixas etárias apresentaram uma estabilidade menos entre a faixa etária de entre 35 e 54 anos, onde houve queda no número de internações.

Entre os homens, houve estabilidade entre as faixas etárias de 0 a 17 anos e nos maiores de 55 anos, queda entre 35 e 54 anos e aumento entre 18 e 34 anos.

Para as mulheres, o resultado surpreendeu. Houve aumento em todas as faixas etárias menos entre 35 e 54 anos, onde os números configuraram estabilidade.

Entre os estados, o Paraná é onde tem o maior número de internações atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes, sendo 238,8. O Piauí, com 233,8, é o segundo estado com maior número de internação. Em contrapartida o Amazonas, está em último lugar com 55,2 o número de internações para 100 mil habitantes.

Nesta relação, o DF está em nono lugar — em relação aos 25 estados e uma unidade federativa — com 178,7 internações. Ao mesmo tempo, entre os anos de 2010 e 2021 o índice apresentou estabilidade. Os estados que apresentaram aumento no número de internações relacionadas ao álcool foram: Piauí, Tocantins, Minas Gerais, Pernambuco, Pará, Alagoas e Bahia.

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