Julgamento

Massacre de Paraisópolis: Justiça de SP decide se PMs vão a júri popular

Ao todo, 13 policiais militares são réus no processo sobre a morte de 9 jovens em baile funk de Paraisópolis. Um dos indiciados já não pertence ao quadro da corporação; os outros 12 seguem afastados das atividades operacionais

Isabel Dourado*
postado em 25/07/2023 17:38 / atualizado em 25/07/2023 17:48
Familiares das vítimas e entidades de direitos humanos cobram justiça  -  (crédito: Miguel Schincariol/AFP)
Familiares das vítimas e entidades de direitos humanos cobram justiça - (crédito: Miguel Schincariol/AFP)

Começou nesta terça-feira (25/7), no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda, a primeira audiência de instrução do julgamento de 13 policiais envolvidos no episódio que ficou conhecido como Massacre de Paraisópolis. Os agentes do 16º batalhão da Polícia Militar respondem pelo crime de homicídio de nove jovens durante operação no Baile da DZ7, na favela de Paraisópolis, na noite de 1º de dezembro de 2019. Cerca de 5 mil pessoas participavam do baile.

Familiares das vítimas e entidades de direitos humanos se reuniram para pedir justiça e cobrar que os policiais militares sejam responsabilizados pelo crime.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os policiais seguem afastados das atividades operacionais até a decisão da Justiça. Os 12 agentes acusados respondem em liberdade. São eles: Anderson da Silva Guilherme, Gabriel Luis de Oliveira, José Joaquim Sampaio, Luís Henrique dos Santos Quero, Marcelo Viana de Andrade, Marcos Vinicius Silva Costa e Matheus Augusto Teixeira; o subtenente Leandro Nonato, o sargento João Carlos Messias Miron, o cabo Paulo Roberto do Nascimento Severo e a tenente Aline Ferreira Inácio. Um dos indiciados já não faz mais parte dos quadros da Polícia Militar.

Até o momento nenhum dos denunciados chegou a ser preso. Serão ouvidos nesta primeira audiência sobreviventes, acusados e testemunhas. A etapa é necessária para definir se os réus vão a júri popular responder por homicídio doloso — quando não há intenção de matar.

Massacre

Na noite de 1º de dezembro de 2019, os policiais entraram na comunidade e cercaram o quarteirão onde havia um grande fluxo de pessoas. Foram usadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além de tiros de bala de borracha, golpes de cassetetes e gás de pimenta. Devido às ações policiais, houve tumulto e parte da multidão correu para um beco. Segundo relatos, os moradores foram encurralados pela Polícia Militar.

Os nove jovens mortos após a ação da Polícia Militar são: Gustavo Cruz Xavier, de 14 anos; Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16; Denys Henrique Quirino da Silva, 16; Luara Victoria de Oliveira, 18; Gabriel Rogério de Moraes, 20; Eduardo Silva, 21; Bruno Gabriel dos Santos, 22; e Mateus dos Santos Costa, 23. Nenhuma das vítimas morava na comunidade.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

  • TOPSHOT - Residents of Paraisopolis, one of the city's largest slums, hold flowers during a protest in Sao Paulo, Brazil, on December 1, 2020. A year ago, nine people were trampled to death and twelve others were injured in a chaotic aftermath of a police raid. / AFP / Miguel SCHINCARIOL
    Familiares das vítimas e entidades de direitos humanos cobram por justiça Foto: MIGUEL SCHINCARIOL
  • Residents of Paraisopolis, one of the city's largest slums, hold flowers during a protest in Sao Paulo, Brazil, on December 1, 2020. A year ago, nine people were trampled to death and twelve others were injured in a chaotic aftermath of a police raid. / AFP / Miguel SCHINCARIOL
    Residents of Paraisopolis, one of the city's largest slums, hold flowers during a protest in Sao Paulo, Brazil, on December 1, 2020. A year ago, nine people were trampled to death and twelve others were injured in a chaotic aftermath of a police raid. / AFP / Miguel SCHINCARIOL Foto: MIGUEL SCHINCARIOL
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