O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou, nesta quinta-feira, que os grupo de refugiados afegãos que estão vivendo no Aeroporto de Guarulhos (SP) por falta de permissão para entrarem no Brasil serão acolhidos. Eles ficarão alojados nos chamados "hotéis de passagem" durante o período em que governo federal busca uma solução.
Contagem realizada no domingo concluiu que são 208 refugiados afegãos abrigados no Aeroporto Internacional de São Paulo. Eles fogem da ditadura dos radicais islâmicos do talibã, que assumiram o controle do país, em 2021, com a saída das tropas estrangeiras — sobretudo as norte-americanas — que estavam no Afeganistão em apoio ao governo do então presidente Hamid Karzai. Alguns dos afegãos desejam permanecer no Brasil, mas outros pretendem seguir para os Estados Unidos, onde têm parentes.
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"Definimos uma ação emergencial do Ministério da Justiça e Segurança Pública (de que) essas pessoas vão ter a possibilidade de ser adequadamente acolhidas em hotéis, não só em Guarulhos, mas em outras cidades, até que se estruture uma política definitiva para dar conta desse grave problema", observou Dino.
Existem 1.059 vagas destinadas a imigrantes e refugiados em centros de acolhida em São Paulo e em Guarulhos — que inclui locais gerenciados pelas prefeituras e pelo governo paulista. O problema é que, atualmente, essas vagas estão totalmente ocupadas.
Sarna
Paralelamente ao Ministério da Justiça, o da Saúde criou, também nesta quinta-feira, um grupo de trabalho para dar prosseguimento à Política Nacional de Saúde das Populações Migrantes, Refugiadas e Apátridas — conforme previsto em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU). A medida é uma resposta ao surto de sarna que os afegãos enfrentam enquanto estão acampados em Guarulhos.
O grupo de trabalho também tem a missão de mapear e diagnosticar as necessidades de estrangeiros que chegam ao Brasil em busca de segurança. Também faz parte das obrigações do colegiado a elaboração de um programa de qualificação para os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) para atender a esses grupos.
A decisão de criar o grupo de trabalho veio depois que, na semana passada, pelo menos 20 afegãos foram diagnosticados com escabiose — doença popularmente conhecida como sarna. O surto foi identificado por médicos da Prefeitura de Guarulhos e confirmado por profissionais da saúde ligados a organizações não governamentais que atuam no auxílio das famílias recém-chegadas ao país.
A urgência em atender aos afegãos é porque a sarna é contagiosa e transmitida pelo contato direto entre as pessoas. Também pode ser disseminada por meio de objetos, como roupas, cobertores e travesseiros compartilhados. Entre as medidas necessárias para conter o surto, estão o banho diário, a constante higienização dos bancos das áreas comuns de Guarulhos e a troca de roupa daqueles que estão infectados.
Mas, mesmo lavadas as roupas, elas precisam passadas, uma vez que temperaturas altas são necessárias para acabar com os ovos do parasita da sarna.
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