Ainda tentando assimilar a morte da mãe em um quarto de pousada no distrito de Monte Verde, em Camanducaia, no Sul de Minas, a profissional de marketing Bruna Campos Ruiz Camargo, de 33 anos, enfrenta a dor provocada pela perda repentina. O padrasto, que ela considerava como pai, também morreu.
O motorista de aplicativo Walther Reis Cleto Junior, de 51 anos, e a esposa e corretora de imóveis, Alessandra Aparecida Campos Reis Cleto, de 49, naturais de São José dos Campos, em São Paulo, se hospedaram no Chalé Aroma de Jasmim na tarde da última sexta-feira (23/6). O casal foi encontrado caído no chão do quarto pelo proprietário do local por volta das 10h de sábado (24/6).
Em troca de mensagens com a reportagem, Bruna, que tem uma filha chamada Valentina, contou que sua mãe estava casada com Walther há 22 anos. Para além de ligações biológicas, ele era seu pai. “Minha filha, inclusive, o chamava de avô, e ele a chamava de neta”, lembra.
Valentina completou 3 anos em abril e, recentemente, Bruna fez uma publicação (veja abaixo) parabenizando uma de suas irmãs por parte de mãe por seu aniversário de 19 anos. Na imagem, que acompanha a publicação em tom emotivo, elas aparecem com Valentina em foto tirada no aniversário da menina. A mãe delas, na sessão de comentários, escreveu orgulhosa: “Caiu um cisco aqui! Obrigada meu Deus, pois amor plantado é amor germinado! Amo vocês minhas filhas”.
A outra irmã de Bruna tem 13 anos e foi diagnosticada com Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico (SHCE). Trata-se de uma má-formação cardíaca rara e grave, constituindo um conjunto de anomalias cardíacas congênitas. Toda a família mora no mesmo prédio em São José dos Campos.
“Eu e meu marido compramos o apartamento ainda na planta. Durante minha gravidez, meus pais se mudaram para cá. Eles moravam um andar abaixo”, conta Bruna, que ainda não conseguiu assimilar a perda. “Durmo, mas não descanso. Quando acordo, só quero fugir da realidade”, completa.
Entenda o caso
Walther Reis Cleto Junior e a esposa, Alessandra Aparecida Campos Reis Cleto, foram encontrados mortos em um dos quartos do Chalé Aroma de Jasmim localizado no distrito de Monte Verde, em Camanducaia, no Sul de Minas, na manhã de sábado (24/6).
Conforme registro da Polícia Militar no boletim de ocorrência, o proprietário do espaço relatou ter percebido que a bomba d'água do banheiro do quarto do casal seguia ligada após um tempo considerável.
Por volta das 10h de sábado, o dono do estabelecimento, segundo conta, bateu à porta, perguntou se estava tudo bem, mas não obteve resposta. Então, ele ligou para os telefones do casal e também não recebeu retorno.
Por fim, o proprietário usou uma chave reserva para entrar no quarto, quando se deparou com Walther e Alessandra caídos no chão. Ele disse às autoridades que viu o casal com vida pela última vez na sexta-feira, por volta das 18h, quando a filha havia acabado de entregar um saco de lenha aos pais. O atendimento médico acionado pelo chalé confirmou as mortes no local.
Embora a ocorrência policial não mencione a possível causa das mortes, Bruna disse nas redes sociais que o casal morreu em decorrência de intoxicação por monóxido de carbono.
Investigação em curso
Nesta segunda-feira (26/6), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que abriu uma investigação para apurar as causas da morte. A conclusão dos laudos periciais pode acontecer em até 30 dias, informou a assessoria da instituição policial.
A Prefeitura de Camanducaia confirmou, também nesta segunda, que a pousada Chalé Aroma de Jasmim não tem alvará de funcionamento e não segue as regras dos meios de hospedagens regulares.
À reportagem do Estado de Minas, a Agência de Desenvolvimento de Monte Verde (Move) afirmou ainda que o estabelecimento não está cadastrado na lista de acomodações oficiais do município.