Vacinação

Ministério da Saúde planeja trocar vacina contra poliomielite por injetável

A mudança na aplicação não vai retirar o Zé Gotinha das campanhas de vacinação, criado em 1986 para ajudar na divulgação contra a paralisia infantil

O Ministério da Saúde anunciou que avalia a mudança de aplicação da vacina contra a poliomielite, substituindo as famosas gotinhas pela versão injetável. Atualmente, as duas doses de reforço do imunizante contra a paralisia infantil são oferecidas em gotas para crianças menores de um ano.

A vacina oral foi introduzida no Brasil na década de 1960. Entretanto, a mudança na aplicação não vai retirar o Zé Gotinha das campanhas de vacinação, criado em 1986 para ajudar na divulgação. Segundo a pasta, a substituição da vacina deve acontecer de forma gradual a partir do próximo ano e passará por uma avaliação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI).

Desde 2016 o esquema vacinal das crianças com menos de cinco anos consiste em um esquema primário, com vacina de vírus inativado de três doses — aos dois, quatro e seis meses. Já o reforço é feito aos 15 meses e aos quatro anos de idade, com a vacina oral de vírus atenuado, a famosa vacina "da gotinha".

A vacina contra a paralisia infantil é administrada em dois formatos diferentes: em gotas (VPO - vacina pólio oral) e injetável (VIP - vacina inativada da pólio). As crianças tomam ambos os tipos, está no calendário de vacinação do Ministério da Saúde, no total, são 5 doses contra a pólio. VIP: aos 2, 4 e 6 meses, com intervalo recomendado entre as doses é de 60 dias. VOP: aos 15 meses e 4 anos.

Alto risco da volta da poliomielite

A doença, também chamada de paralisia infantil, tem certificado de erradicação no país desde 1994, mas a baixa cobertura vacinal nos últimos anos preocupa o governo. Nesta quinta-feira (15/6) a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o Brasil precisa reforçar a cobertura vacinal contra a poliomielite para evitar que a doença volte a circular no país. “Não temos ainda essa força que precisamos ter e o Senado é fundamental, para que a vacinação volte a ser o orgulho do nosso país como já foi".

"Essa baixa das coberturas vacinais se agravou nos últimos quatro anos", afirmou. "Por isso, infelizmente o Brasil passou a fazer parte da lista de países de alto risco para reintrodução de doenças que estavam eliminadas do ponto de vista da circulação dos agentes e vírus que as causavam", completou.

Em setembro do ano passado, a Organização Pan-Americana para a Saúde (Opas) classificou o país como de alto risco para a doença. O alerta se deve à cobertura vacinal inferior a 95% em crianças menores de cinco anos, o que pode permitir a reintrodução do vírus. A poliomielite pode levar à paralisia irreversível em alguns casos, mas é prevenível através da vacina.

*Estagiária sob supervisão de Rafaela Gonçalves

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