Na manhã desta sexta-feira (16/6), moradores de São Paulo foram surpreendidos com tremores que atingiram magnitude de 4.0. Os abalos sísmicos foram registrados em Itariri e em outras regiões do Vale do Ribeira. A Rede Sismológica Brasileira informou ao Correio que a revisão de cálculos apontou que o epicentro foi em Iguape.
Se comparada com a média dos tremores já registrados no Brasil, que geralmente ficam abaixo de 3.0, a magnitude de 4.0 registrada nos municípios paulistas é considerada alta, mas não representa riscos de danos físicos ou materiais. "Tremores de baixa magnitude são relativamente comuns no Brasil. Em geral, esses pequenos sismos são causados por pressões geológicas movimentando pequenas fraturas na crosta terrestre", explica a Rede Sismológica Brasileira, acerca do histórico de abalos sísmicos no país.
O sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, afirma que abalos sísmicos são impossíveis de prever e podem ocorrer em qualquer parte do país. "O tremor pode ser sentido em até 100Km de distância, então outras cidades podem relatar essa ocorrência. Mas além do susto, é pouco provável que isso venha causar algum problema estrutural", pontua.
"Esses tremores podem acontecer em qualquer parte do país. A gente está sendo 'apertado' pelo distaciamento da Placa Africana e pela compressão da Placa de Nazca, que acontece no lado oeste do continente, lá no Chile. Essas forças de compressão se espalham por toda crosta terrestre e podem causar tremor em algum momento. Não existe nenhuma especificidade em São Paulo, poderia ter acontecido em qualquer parte", acrescenta Bruno.
Entretanto, a USP também destaca que o litoral sul de São Paulo é uma região mais ativa para abalos sísmicos do que outras regiões do estado. Segundo observações de sismólogos, tremores de magnitude 4.0 podem ocorrer, em média, duas vezes por ano em algum lugar do Brasil. "Em julho de 1946 ocorreu um tremor em Cananéia, com magnitude 4.6 na escala Richter. Não se sabe ainda por que esta região do estado de São Paulo tem relativamente maior atividade sísmica do que outras. Mas, uma hipótese possível é que nesta região a placa da América do Sul é mais fina, resultando em maior concentração de pressões geológicas na crosta superior", pontua o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo.