Crime

Brasileira que traficava cocaína pega 11 anos de cadeia na Indonésia

Manuela Araújo Farias, de 19 anos, foi presa em 31 de dezembro do ano passado com 3,6kg de droga. País asiático tem histórico de intolerância com "mulas" das quadrilhas. Advogado considera que pena foi um "milagre"

A brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, foi condenada a 11 anos de prisão por tráfico de drogas, na madrugada desta quinta-feira, na Indonésia. Os advogados comemoraram o que consideraram um "milagre" — a pena branda para esse tipo de crime. No país asiático, tentar entrar com algum tipo de tóxico é crime gravíssimo, muitas vezes punido com prisão perpétua e até pena de morte. Em 2015, dois brasileiros foram executados após condenação à morte por esse crime.

De acordo com o advogado Davi Lira da Silva, que atuou no Brasil pela defesa da jovem, o acórdão dado pelos três juízes que participaram no julgamento agradou à família de Manuela — o pai mora no Pará, onde ela nasceu, e a mãe em Santa Catarina. "Embora estivéssemos confiantes, depois que o Ministério Público pediu que ela fosse condenada a 12 anos, havia a expectativa de uma pena mais alta. A decisão é histórica, pois mostra que a Indonésia está a caminho de humanizar a aplicação da justiça", disse.

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Segundo o advogado, além do crime de tráfico pela lei de narcóticos vigente no país, Manuela teve aumento de pena por incorrer em crime previsto na lei de psicotrópicos. Ela levava para uso próprio cinco comprimidos do medicamento clonazepam, proibido naquele país, para tratamento de crises de pânico e ansiedade.

A pena dada à jovem inclui o pagamento de 1 milhão de rupias (R$ 331,75) em multas. A brasileira cumprirá pena em regime fechado. O advogado calcula que, com a possível progressão de regime, ela deve ficar na prisão de seis a sete anos.

Cooptação

Manuela foi presa em 31 de dezembro do ano passado, ao desembarcar em Bali com duas malas levando 3,6kg de cocaína. A jovem trabalhava com vendas de perfumes e lingeries em Florianópolis e, segundo o advogado, foi cooptada por uma quadrilha de traficantes. Eles teriam oferecido um curso de surfe à jovem, na paradisíaca ilha indonésia, caso ela viajasse levando uma encomenda.

Dois casos anteriores de brasileiros flagrados com quantidade significativa de drogas na Indonésia resultaram em execuções. Em maio de 2015, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, então com 42 anos, foi morto por fuzilamento após mais de 10 anos preso — em 2005, ele tentou entrar no país com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.

Em janeiro de 2015, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, flagrado com 13kg de cocaína na estrutura de uma asa delta. Também foi fuzilado.

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