A diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, declarou nesta segunda-feira (5/6) que o assassinato de Bruno e do jornalista Dom Phillips ainda é "muito recente, muito doloroso". O crime completa um ano hoje.
Para Beatriz, as investigações sobre os assassinatos estão no caminho certo, embora o processo seja sempre muito lento para quem aguarda por justiça. Ela lamentou ainda que Bruno não possa ver as melhorias na política indigenista no novo governo.
- Governo homenageia Bruno e Dom em lançamento de estratégia nacional
- Um ano após morte de Bruno Pereira, abandono se mantém no Vale do Javari
- Um ano da morte de Bruno e Dom: 'Não tenho palavras para descrever a frustração que sinto', afirma viúva do jornalista inglês
"Para nós, é muito recente. É muito doloroso ainda, mas também, em momentos como esse aqui, a gente sente esperança, e entende que, em relação ao ano passado, o cenário mudou muito" declarou Beatriz a jornalistas após lançamento de estratégia nacional para o combate ao narcotráfico em territórios indígenas, no Ministério da Justiça, nesta manhã.
"A gente fica muito triste do Bruno não estar aqui presente para ver tudo isso. Coisas que ele sempre acreditou e lutou, acho que a gente tem a possibilidade de realizar agora. Toda a sinalização do governo atual é de realizar essa proteção aos territórios indígenas", disse ainda a diretora.
Beatriz comentou ainda as investigações sobre o assassinato de Bruno e Dom Phillips, no Vale do Javari, na região amazônica. Na semana passada, outros dois suspeitos foram indiciados. Ruben Villar, conhecido como Colômbia, foi apontado como mandante do crime. O pescador ilegal Jânio Freitas de Souza também foi apontado como envolvido no crime. A informação foi revelada por reportagem do Fantástico.
"Acho que as investigações estão indo no caminho certo. Temos muita confiança nos advogados que estão prestando assistência, de acusação, que estão nos ajudando. Eu acredito que esse indiciamento indica sim que as investigações estão avançando", respondeu Beatriz ao ser questionada sobre os novos indiciamentos.
"É claro que, para as famílias, para quem está esperando por justiça, sempre é um processo muito lento, muito doloroso. Afinal de contas, foram anulados os depoimentos que já foram tomados. Precisa retomar. Quanto mais tempo demora, mais a gente se angustia por causa da insegurança no local. A insegurança das lideranças indígenas no Vale do Javari. Quanto mais demora esse julgamento, mais a gente entende que essas pessoas estão ainda em risco", frisou a diretora.