Afegãos que fogem do regime Talibã continuam chegando ao Brasil, mas, sem estrutura de acolhimento, muitos acabam acampando no Saguão do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), principal porta de entrada deles no país. Havia 147 pessoas nesta quarta-feira (21/06) vivendo de forma improvisada dentro do terminal. Sem estrutura, a prefeitura de Guarulhos pede a ajuda federal para atender a esses refugiados.
"Hoje, o Brasil é o único país que liberou visto humanitário para essa situação. O Brasil está, sem dúvida nenhuma, salvando vidas, já recebemos 3,5 mil pessoas", disse ao Correio o secretário de Desenvolvimento e Assistência Social da cidade, Fábio Cavalcante.
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O secretário esteve em Brasília para buscar apoio do governo federal. Ele informou que as 177 vagas de acolhimento que a cidade disponibiliza já estão ocupadas, situação que se repete na rede de atendimento estadual. E os mais de 3 mil afegãos que chegaram, apenas por Cumbica, desde janeiro do ano passado, continuam pressionando o sistema existente.
"A gente escuta histórias que são realmente emocionantes, o Brasil está salvando vidas. Mas o município de Guarulhos precisa de apoio, principalmente do governo federal, para que coordene ações para que essa situação de salvar vidas seja mais organizada. Hoje, o município e o estado de São Paulo estão fazendo de tudo para acolher essas pessoas, e a gente não tem mais capacidade de acolhimento", lamentou o secretário.
Ele diz que a conta está ficando salgada para o município paulista, que desembolsou mais de R$ 1,5 milhão apenas para o custeio das refeições dos afegãos. As reivindicações de Guarulhos são para que o governo federal assuma os custos com alimentação e a coordenação da acolhida dos refugiados. Outra solicitação do município é a mudança do status para "cidade de fronteira", o que lhe garantiria a captação de mais recursos.
Segundo o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, a expectativa do governo federal é que a procura do Brasil por refugiados afegãos deve se ampliar significativamente, e que medidas de atendimento precisam envolver diversos ministérios e órgãos do governo.
"Existe todo um conjunto de medidas que estão sendo pensadas e que nós pretendemos ampliar, para pensar como a gente pode acolher essas pessoas da melhor forma possível. A gente entende que vai haver um aumento (no número de refugiados), assim, precisamos lidar com aquelas pessoas que ali estão e com aquelas que ainda chegarão, mas com uma lógica de atender com hospitalidade, com cuidado. É uma ação interministerial que está sendo construída" disse Almeida ao Correio.
Afegãos acampam no aeroporto de Cumbica:
O ministro também apontou que o esforço do governo é buscar uma política nacional de migrações robusta, exatamente para atender aos municípios e estados, articulando com organizações da sociedade civil criando uma estrutura de acolhimento adequada. Almeida lembrou que a situação não se restringe a Guarulhos com os afegãos, mas acontece de forma até mais intensa em Roraima com os venezuelanos.
Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE), até 14 de junho, foram emitidos 11.576 vistos de acolhida humanitária para afegãos, sendo que 9 mil foram entregues aos requerentes, mas nem todos deram entrada em solo brasileiro.
A agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estima em cerca de 3,5 milhões de afegãos deslocados em decorrência do regime instalado pelo Talibã no Afeganistão, depois do fim da ocupação dos Estados Unidos, em agosto de 2021.
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