Rio de Janeiro

Justiça aceita denúncia de xenofobia contra diretora do Flamengo

Ângela Landim, esposa do presidente do clube, se tornou ré no caso da publicação de mensagem nas redes sociais contra nordestinos após resultado das eleições presidenciais de 2022

Correio Braziliense
postado em 16/06/2023 12:19
 (crédito: Reprodução/Facebook/Rogério Alcântara)
(crédito: Reprodução/Facebook/Rogério Alcântara)

A Justiça Federal no Rio de Janeiro aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, Ângela Landim, esposa do atual presidente do clube, Rodolfo Landim, no caso de postagem xenofóbica contra nordestinos após as eleições de 2022.

Com a decisão, Ângela se torna ré pelo crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito por procedência nacional, por meio das redes sociais.

A postagem alvo da denúncia ocorreu após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições em 2022. A diretora comparou eleitores do Nordeste, onde Lula teve grande quantidade de votos, a carrapatos. Durante o período eleitoral, Ângela era abertamente apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e fez campanha para ele depois da vitória do Flamengo na Libertadores 2022.

“A leitura da mensagem não comporta, a princípio, qualquer outra interpretação senão a de discurso de ódio que propõe a hierarquia entre brasileiros conforme sua procedência no território nacional”, diz um trecho da decisão.

Pedido de desculpas

À época, Ângela fez um pedido de desculpas nas redes sociais, que foram fechadas ao público logo em seguida. “Reconheço e respeito o processo democrático e o resultado das urnas. E torço para que o próximo governo tenha êxito, pelo bem do nosso país, independente de qualquer ideologia. Peço desculpas também ao povo nordestino, aos sergipanos e a todos que, de alguma forma, feri com meus atos”, afirmou a diretora do Flamengo, que nasceu em Sergipe.

O Ministério Público Federal também apresentou à Justiça uma ação civil em que pede a condenação da diretora e o pagamento de indenização no valor de R$ 100 mil por danos morais coletivos causados pela postagem.

Além disso, na decisão, a Justiça contestou argumento da defesa de que a publicação seria um ato de liberdade de expressão. "Quem fala, publica, produz o ato ilícito discriminatório deve ser proporcionalmente responsabilizado", destaca o texto.

O Correio tenta contato com a assessoria do Flamengo para questionar se o clube ou a diretora farão algum pronunciamento sobre o caso, mas não obteve resposta até a mais recente atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

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