O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), prometeu apurar a morte da escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Rafaela Drumond, encontrada morta pelos pais na última sexta-feira (9/6) na cidade de Antônio Carlos. Segundo o Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG), a escrivã vinha sofrendo assédio moral e sexual, além da sobrecarga no trabalho.
A Corregedoria da Polícia Civil informou que abriu um inquérito para investigar as denúncias de assédio. Na terça-feira (13/6), a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou um requerimento para a convocação de secretários do governo Zema e da delegada-chefe da PCMG, Letícia Gamboge Reis, para prestarem esclarecimentos. A suspeita das entidades que acompanham o caso é de que ela tenha tirado a própria vida.
"Áudios e vídeos compartilhados por ela dão conta de que foi vítima de assédio moral, sexual, sobrecarga de trabalho e ingerência dos seus superiores. Ainda no sábado entramos em contato com a Chefe de Polícia e falamos da necessidade de investigar o caso. Temos informações de que há outros colegas adoecidos naquela unidade", afirmou o Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais, em postagem no Instagram.
Ao g1, o pai de Rafaela contou que vinha observando que a filha não estava bem há três meses. Entretanto, ele e a esposa achavam que a escrivã estivesse focada nos estudos e estava tensa para a prova de um concurso para o cargo de delegada. Os pais de Rafaela não sabiam dos assédios que a filha sofria no trabalho. "Fiquei perdido, não entendi o que aconteceu com a minha filha. Uma menina cheia de vida, com emprego e tudo e, de repente, dá essa tragédia. Fui em outro mundo e voltei. Enterrei ela no sábado, no domingo a gente ficou vagando e na segunda saiu essa notícia que aconteceu no trabalho dela. Quero que seja elucidado esse caso", disse o pai.
A irmã de Rafaela, Karoline Drumond, compartilhou, no Instagram, um poema do Santo Agostinho. "A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo", diz o texto. Na quinta-feira (15/6), será realizada a missa de sétimo dia, na Paróquia Bom Pastor, em Barbacena, às 19h.
Saúde mental dos policiais
De acordo com o Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais, a morte de Rafaela escancara um problema presente entre os policiais do país: o adoecimento mental. Além da investigação célere do caso, o sindicato cobra que as autoridades tomem providências para assegurar acolhimento aos agentes. "Os policiais estão adoecendo de forma muito perigosa e o cuidado com a saúde mental de nossos profissionais não tem chamado a atenção das autoridades responsáveis. A polícia está doente e quem deveria cuidar desses valorosos policiais está fingindo não ver", pontua a organização.
Ainda segundo o Sindep-MG, fatores como assédio, condições precárias de trabalho e desvalorização contribuem para esse cenário. "É necessário amparo e atenção à saúde mental desses trabalhadores. Precisamos debater e tomar medidas emergenciais para protegê-los. É preciso exigir das autoridades providências urgentes e não podemos continuar assistindo a essas tragédias de braços cruzados", comentou o sindicato.
Ao Correio, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que os servidores da delegacia de Carandaí, onde a escrivã atuava, foram acolhidos e atendidos pela Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO), do Hospital da Polícia Civil (HPC). A corporação também disse que disponibiliza atendimentos psicológicos presenciais e virtuais para os policiais, além de ter plantão psicológico — que dispensa agendamento. A corporação prestou solidariedade aos familiares de Rafaela e disse que conta com a "sensibilidade da sociedade como um todo neste momento de luto da Instituição e dos familiares".
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também lamentou o falecimento da escrivã e chamou a atenção para a necessidade de promover medidas que garantam o bem-estar dos policiais, a fim de enfrentar o cenário de agravamento na saúde mental nas corporações. "É urgente que os governos federal e dos estados e Distrito Federal se unam para colocar em prática um plano de respeito à vida dos colegas, que passa, sem dúvida, por um atendimento médico e psicológico, mas também pela valorização dos profissionais, uma política efetiva de combate ao assédio e a garantia de melhores condições de trabalho", destacou a Fenapef, em nota.
Veja a nota da PCMG na íntegra:
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), mais uma vez, presta condolências aos familiares, amigos e colegas da Escrivã de Polícia Rafaela Drumond.
A Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ), por meio da Inspetoria-Geral de Escrivães, além de uma equipe da Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO), do Hospital da Polícia Civil (HPC), foram no município de Carandaí para acolhimento e atendimento dos servidores.
A PCMG instaurou procedimento disciplinar e inquérito policial, com o objetivo de apurar as circunstâncias que permearam os fatos.
A PCMG reforça que o Centro de Psicologia do HPC oferece atendimento psicológico clínico, por meio de sessões presenciais e também por teleconsulta, para servidores da ativa, aposentados e dependentes, da capital e do interior do estado. Ademais, o HPC dispõe do plantão psicológico, que consiste em um dispositivo de escuta especializada, sem necessidade de agendamento, serviço amplamente divulgado aos servidores.
A PCMG conta com a sensibilidade da sociedade como um todo, neste momento de luto da Instituição e dos familiares da Escrivã Rafaela Drumond, face às circunstâncias de seu falecimento.
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