Dados divulgados pela SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta quarta-feira (24/5) mostram que entre outubro de 2021 e outubro de 2022 mais de 20 mil hectares da Mata Atlântica foram derrubados. O bioma se espalha por quase toda a extensão do litoral brasileiro e está presente em 17 estados, além do Paraguai e da Argentina.
O estado de Minas Gerais lidera o ranking de desmatamento com 7.456 mil hectares derrubados em um ano, equivalente a mais de dez mil campos de futebol. Nos três estados, a grande maioria das derrubadas foi causada pela agricultura: 73,2% na Bahia, 93,4% em Minas Gerais e 64,5% no Piauí. Essa também é a realidade em todo o bioma, onde 86,4% da área foi derrubada com a mesma motivação.
Os dados finais mostram que o desflorestamento totalizou 20.075 hectares do bioma. Foram lançados ao todo 9,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
O número representa uma queda de 7% em relação ao ano anterior, quando foram desmatados 21.642 hectares. A área desmatada é a segunda maior dos últimos seis anos e está 76% acima do valor mais baixo já registrado na série histórica “A Mata Atlântica é o bioma mais destruído do Brasil. Seu desaparecimento está mais próximo do que imaginamos”, avalia o biólogo e mestre em ciência e tecnologia ambiental Paulo Jubilut, fundador da edtechAprova Total.
“Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina são responsáveis por mais de 50% de toda a destruição do bioma”, afirma o biólogo Jubilut. Os dez primeiros meses de 2022 somam 48.660 hectares desmatados. Entre janeiro e outubro, Bahia e Minas Gerais aparecem como as unidades da federação que mais desmataram a Mata Atlântica, respectivamente 15.814 e 14.389 hectares. O Piauí vem em terceiro lugar, com 6.232.
Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, os dados confirmam a alta do desmatamento no bioma, em consonância com outros biomas do Brasil, como a Amazônia, onde tem se observado os maiores valores dos últimos 10 anos. “Os grandes desmatamentos em área contínua estão relacionados à expansão agropecuária em grande escala, também indicando falhas na fiscalização e combate ao desmatamento, o que também marcou 2022 em todo o Brasil", escreveu a organização.
*Estagiária sob supervisão de Thays Martins