A federação PSol-Rede Sustentabilidade protocolou, ontem, uma denúncia na Mesa do Senado pedindo a cassação do senador Magno Malta (PL-ES) por ter considerado que a imprensa promove a "revitimização" do jogador Vinicius Júnior, atacante do Real Madrid, da Espanha. Já o líder do PT na Casa, Fabiano Contarato (ES), afirmou que denunciou o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de injúria racial.
Ao comentar o caso de racismo sofrido pelo jogador na partida contra o Valência, domingo, pelo Campeonato Espanhol, Malta disse: "O mais triste é que as emissoras ficam com esse assunto desde ontem, reverberando, porque o assunto dá ibope. É uma descaração isso. É um assunto que eu nem posso falar em público. Então, é o seguinte: cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto", afirmou. Vinicius Júnior foi chamado de "mono" (macaco em espanhol) por um grupo de torcedores do Valência.
O PSol e a Rede definiram a declaração de Malta como "racista e desumana". "No caso concreto, houve nítida prática de discriminação ou preconceito. Diante da gravidade da situação apontada, envolvendo o crime de racismo, fica insustentável a sua permanência como senador da República no cargo. O representado não possui condições mínimas de decoro, humanidade e decência para representar o povo brasileiro, fazendo-se mister a cassação do seu mandato", cobra a representação formalizada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Por sua vez, Contarato usou as redes sociais para anunciar a medida tomada contra Malta no STF. "Como pai de duas crianças negras, não posso ignorar o que testemunhei hoje (terça-feira) no Senado. Por isso, acionei o Supremo Tribunal Federal para que instaurasse inquérito policial para averiguar as falas racistas do senador", tuitou.
Na ação que moveu contra Malta no STF, Contarato citou outro trecho do discurso do colega da bancada capixaba. "Se eu fosse um jogador negro, entraria em campo com uma leitoinha branca nos braços para mostrar que não tem nada contra brancos", destacou.
Malta é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e um dos senadores mais agressivos na oposição ao governo Lula no Congresso. A assessoria do senador explicou que ele poderá se pronunciar sobre o caso se for deferido o recebimento da representação no Conselho de Ética do Senado.